Pior já passou? Inflação ainda preocupa investidor em 2023, aponta gestora

Britânica Schroders, que administra US$ 940 bilhões em ativos, diz que impacto da provável recessão em resultados corporativos pode abrir oportunidades em ações

Pronostico adverso. Schroders ve una alta probabilidad de default para 2026.
08 de Dezembro, 2022 | 04:15 AM

Bloomberg Línea — Em um ano em que os preços foram impulsionados pelas consequências das restrições impostas pela pandemia de covid-19 e pela guerra na Ucrânia, bancos centrais entraram na corrida para subir os juros de forma a conter o desenfreado aumento dos preços. A inflação persistente, contudo, segue assombrando os mercados e deverá continuar sendo um dos principais temas de 2023, segundo a Schroders.

Na avaliação da gestora global, que administra cerca de US$ 940 bilhões em ativos, embora o cenário atual ainda permaneça nebuloso, é importante reconhecer os desafios e aceitar que uma recessão está próxima, mesmo que as consequências desta ainda não sejam sentidas.

“O preço de domar a inflação será uma grande desaceleração do crescimento econômico e aumento do desemprego. E uma forte contração na economia dos Estados Unidos será necessária para criar a folga, ou capacidade ociosa, necessária para domar salários, preços e inflação”, escreve Keith Wade, economista-chefe e estrategista da Schroders.

A Schroders espera que os juros americanos atinjam o pico no intervalo de 4,5% a 4,75% no primeiro trimestre de 2023, o que implicaria mais dois aumentos de taxa.

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Oportunidades em ações

“As empresas verão suas margens apertadas, as demissões aumentarão e o mercado de trabalho esfriará. Embora a inflação global ainda esteja acima da meta, esperamos que atingir esse objetivo principal seja suficiente para que o Federal Reserve continue em modo de espera.”

A percepção de Wade é de que isso pode ser o prelúdio de cortes nas taxas de juros no final do ano, à medida que a recessão se aprofunde. O contexto, apesar de ser prejudicial para os resultados corporativos, pode oferecer oportunidades para o investimento em ações, destacou.

“Esperamos que uma queda de 1% no PIB dos EUA acompanhe uma queda de até 14% nos lucros corporativos dos EUA no próximo ano. Embora seja um quadro sombrio para os ganhos corporativos, os valuations começam a se recuperar devido ao corte das taxas de juros pelos bancos centrais em resposta à piora do crescimento e (melhoria) do cenário de inflação”, completou nesse ponto.

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Em busca de resiliência

Dado o cenário atual, o estrategista-chefe da Schroders escreve que tem analisado ao redor do mundo quais países podem ser vulneráveis e quais são os “mais fortes”, com as melhores posições financeiras. Isso ocorre em um momento em que os pagamentos de juros estão se tornando muito significativos para os países mais endividados, colocando as finanças públicas sob maior pressão.

“O resultado pode criar uma dinâmica mais difícil entre os governos e os bancos centrais, desde que os bancos continuem focados na estabilidade de preços e gozem da independência necessária para controlar a inflação.”

“Os bancos centrais vão querer resistir à pressão política e não repetir os erros do passado, evitando cortar as taxas de juros muito cedo, apenas para começarem a subir novamente quando a inflação voltar”, completou.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.