3R e Enauta chegam a acordo sobre fusão de R$ 6 bi que inicia consolidação do setor

A concretização da combinação dos negócios, confirmada nesta sexta (17), criará uma empresa com potencial de produção de mais de 100.000 barris por dia de petróleo e gás

campo atlanta enauta
Por Leda Alvim
17 de Maio, 2024 | 01:31 PM

Bloomberg — As ações da 3R Petroleum (RRRP3) e da Enauta (ENAT3) subiram nesta sexta-feira (17) depois que as duas petrolíferas brasileiras selaram um acordo totalmente em ações, em negócio que representa o início de uma consolidação mais ampla da indústria de óleo e gás do país.

Os acionistas da Enauta receberão 0,8092 ação da 3R Petroleum para cada uma de suas ações na transação, de acordo com um comunicado divulgado nesta sexta-feira (17).

Com base nas ações em circulação da Enauta e no preço de fechamento da 3R na quinta-feira (16), o negócio está avaliado em cerca de US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 6 bilhões). A 3R deterá 53% da nova empresa, enquanto os acionistas da Enauta ficarão com os 47% restantes.

Em reportagem da Bloomberg Línea de abril, fontes destacaram que a transação, se realizada, abriria caminho para que outras operadoras independentes também buscassem alianças, acelerando o movimento de M&A das “junior oils” do país.

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A combinação criará uma empresa com potencial de produção de mais de 100.000 barris por dia de petróleo e gás natural.

As ações da 3R subiram até 4,1% nas negociações desta sexta-feira, enquanto os papéis da Enauta avançaram até 1,7%. Ambas já acumularam ganhos de mais de 16% este ano em meio às discussões sobre um possível acordo.

As duas empresas assinaram um memorando de entendimento em abril para criar uma única entidade maior. A 3R também considerou uma possível combinação com a PetroReconcavo (RECV3), outra produtora de petróleo brasileira, mas suspendeu esses esforços quando a Enauta propôs sua oferta.

Consolidação das ‘junior oils’

As três empresas fazem parte de um grupo de petrolíferas brasileiras que conseguiram se expandir adquirindo ativos da Petrobras (PETR3; PETR4).

No entanto, sob a administração de Luiz Inácio Lula da Silva, a Petrobras mudou de rumo e não está mais vendendo campos de petróleo para arrecadar dinheiro, o que levou os produtores menores a se consolidarem.

Leia mais: Lula quer que nova CEO da Petrobras acelere investimentos em refinarias, dizem fontes

Uma vez concluído o negócio, a Enauta se tornará uma subsidiária da 3R, e suas ações não serão mais negociadas no mercado de ações local. O acordo está sujeito à aprovação dos acionistas de ambas as empresas durante uma reunião em 17 de junho, bem como dos reguladores brasileiros.

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Ao mesmo tempo, a Maha Energy, uma das acionistas da 3R, concordou em consolidar sua participação de 15% na 3R Offshore. A Maha receberá novas ações ordinárias emitidas pela 3R, o que equivale a 2,17% do total de votos e do capital social da nova empresa.

A combinação de 3R e Enauta “criará uma das empresas independentes mais diversificadas e líderes na cadeia de petróleo e gás da América Latina”, disse Kjetil Solbraekke, diretor executivo da Maha Energy, em um comunicado.

Décio Oddone, CEO da Enauta, será nomeado chefe da nova empresa, enquanto Rodrigo Pizarro, diretor financeiro da 3R, assumirá o mesmo cargo na nova entidade.

Itaú BBA e BTG Pactual atuaram como assessores financeiros da 3R, e XP e Citigroup como assessores financeiros da Enauta.

-- Com informações da Bloomberg Línea

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