Unicórnio brasileiro Hotmart corta 12% da equipe e faz reestruturação

Empresa, que planejava um IPO no ano passado, diz que corte de custos está relacionado a um crescimento esperado que não aconteceu

João Pedro Resende, CEO e co-fundador da Hotmart
20 de Outubro, 2022 | 06:57 PM

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Bloomberg Línea — O unicórnio brasileiro Hotmart, que tem uma plataforma para rentabilizar negócios online de criadores de conteúdo, vai cortar 12% de sua equipe - o equivalente a 227 pessoas - e reestruturar a empresa.

A redução do quadro de funcionários busca atingir um “caminho de maior maturidade operacional e uma posição estratégica ainda mais favorável para o futuro”, de acordo com a startup. Unicórnio é o nome dado às startups que atingem US$ 1 bilhão ou mais em valor de mercado com investimento privado.

Há projetos e equipes que terão atividades descontinuadas. Outros terão um escopo reduzido para focar nos objetivos alinhados a uma nova estratégia, disse o CEO, João Pedro Resende, em carta aos funcionários nesta quinta-feira (20).

“A realidade é que o crescimento que esperávamos no pós-pandemia, e a expansão interna da operação, não aconteceram no mesmo ritmo. Em outras palavras, a eficiência operacional caiu. Eu assumo total responsabilidade por isso”, escreveu o executivo.

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A Hotmart diz que seguirá com 1.700 funcionários, ante 1.300 um ano antes, “de uma operação que continua saudável, lucrativa e em crescimento”. “Com isso, tenho certeza que estaremos prontos para alocar recursos de forma mais eficiente”, acrescentou Resende.

O unicórnio tem 12 escritórios. Além do Brasil, está presente na Holanda, nos EUA, na Espanha, no México, na Colômbia e na França. Em 2020, com a ajuda de seus investidores, adquiriu a empresa Teachable, de Nova York.

A mineira Hotmart captou US$ 130 milhões no ano passado com a empresa de growth equity TCV, que já investiu na Netflix e no Airbnb, e orientou empresas para mais de 125 ofertas públicas iniciais (IPO).

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Alkeon Capital, Koolen & Partners, General Atlantic e o fundo soberano de Cingapura GIC também são investidores na startup de capital fechado, que divulgou ter alcançado um valuation de US$ 1 bilhão.

Em 2021, a agência Reuters informou que a Hotmart havia contratado bancos com a expectativa de levantar cerca de US$ 500 milhões em um IPO, mas adiou seus planos diante do ambiente desfavorável no mercado de capitais com o aumento dos juros e das incertezas da economia.

Enquanto no ano passado as startups latino-americanas levantaram um recorde de US$ 16,3 bilhões de capital de risco, neste ano o financiamento caiu para US$ 6,4 bilhões até o terceiro trimestre devido a aversão ao risco, segundo dados da CB Insights.

A falta de financiamento para statups em estágio mais avançado (late stage) impacta mais as empresas em fase pré-IPO. Os valuations dessas startups, segundo alguns VCs disseram à Bloomberg Línea, se tornaram “insustentáveis”.

A Hotmart segue a lista de unicórnios latino-americanos que cortaram funcionários neste ano, entre elas Loggi, Clara, Olist, Betterfly, Ebanx, Mercado Bitcoin, Kavak, Vtex, Bitso, Facily, Loft, Creditas e QuintoAndar.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups