Brasil quer indicar Ilan Goldfajn para presidência do BID

Nome é defendido por Paulo Guedes, que busca apoio da Colômbia; ex-presidente do BC brasileiro enfrentará oposição de candidata do México e deve concorrer com chileno

Por

Bloomberg — O Brasil vai indicar Ilan Goldfajn, ex-presidente do Banco Central e diretor do departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, para presidir o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), segundo integrantes do governo brasileiro.

O ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, comunicou sua intenção de indicar Goldfajn à secretária de Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, durante reunião na semana passada, em Washington, segundo as autoridades, que pediram para não ser identificadas porque a informação ainda não é oficial.

O Brasil é a maior economia da América Latina e do Caribe que nunca teve um de seus cidadãos à frente do BID, que foi fundado há seis décadas e empresta mais de US$ 20 bilhões por ano para o desenvolvimento da região. Com a indicação de Goldfajn, competirá diretamente com o México, que no mês passado apresentou Alicia Bárcena como candidata à liderança do BID.

Yellen foi a favor de o Brasil indicar um candidato, mas não se comprometeu com o apoio, disse Guedes a repórteres em Washington na sexta-feira (14) sem identificar a pessoa indicada por ele. O ministro acrescentou que o Brasil está tentando construir uma aliança com a Colômbia no BID e que o Chile também fará uma indicação.

Na semana passada, Paulo Guedes disse que gostaria que o próximo presidente do BID fosse latino-americano, cumprisse um mandato de cinco anos e fosse “uma pessoa extremamente experiente nos setores público e privado”.

O Brasil está a duas semanas de escolher um novo presidente em um segundo turno entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), em 30 de outubro.

A Argentina trabalhará para obter apoio na região para apresentar um candidato de consenso, disse o ministro da Economia do país, Sergio Massa, na semana passada, embora tenha evitado nomear os candidatos em discussão.

O FMI e o Banco Mundial realizaram suas reuniões anuais em Washington na semana passada, trazendo as finanças globais e os chefes dos bancos centrais para a capital dos EUA em um momento frágil para a economia global. O BID também sediou um evento com vários ministros da Fazenda, e os países têm até meados de novembro para indicar candidatos.

Em setembro, os países membros do BID removeram o presidente Mauricio Claver-Carone, indicado pelos Estados Unidos, depois que uma investigação sobre um suposto relacionamento romântico com um importante assessor descobriu que ele manteve conduta antiética. Claver-Carone negou ter tido um relacionamento romântico com o assessor.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também:

Gustavo Franco: o desafio fiscal vai além da revisão do teto de gastos

Defesa da ‘covid zero’: como o mercado viu o discurso do líder da China