Índice global de preços de alimentos recua pelo quinto mês consecutivo

Dados da ONU mostram que o índice dos custos mundiais dos alimentos recuou 1,9% em agosto em relação a julho, o menor nível desde janeiro

Mesmo com a redução dos preços, a ONU alerta que eles ainda continuam altos, e que há fatores de risco significativos no horizonte
Por Agnieszka de Sousa
02 de Setembro, 2022 | 05:33 PM

Bloomberg — Os preços globais dos alimentos caíram pelo quinto mês com a combinação da fraca demanda por alguns produtos e o aumento sazonal na oferta.

As colheitas de trigo no hemisfério norte ajudaram a aliviar as restrições de oferta, enquanto mais grãos estão saindo dos portos da Ucrânia. O índice das Nações Unidas de custos mundiais de alimentos caiu 1,9% em agosto em relação ao mês anterior, de acordo com dados nesta sexta-feira (2) - este é o menor nível desde janeiro.

PUBLICIDADE

A queda dos preços pode oferecer algum alívio aos consumidores em meio à crise cada vez mais profunda do custo de vida. Ainda assim, as quedas não são tão significativas quanto foram em julho, e ainda permanecem mais altos do que há um ano atrás.

Paralelamente, a inflação dos alimentos não mostra sinais de afrouxamento em muitos países, com os preços mais altos da energia aumentando os custos de produção. Além disso, as colheitas podem diminuir a longo prazo, à medida que os agricultores reduzem o uso de fertilizantes.

Preços dos alimentos caíram pelo quinto mês consecutivo

“Os preços dos alimentos ainda estão muito altos”, disse Erin Collier, economista da Organização das Nações Unidas (ONU) para Agricultura e Alimentação, em entrevista à Bloomberg TV. “Nossa maior preocupação é o fato de os cereais, que têm sido um dos principais impulsionadores desses aumentos dos preços, permanecerem ainda muito altos.”

PUBLICIDADE

Os custos caíram em geral no mês de agosto, com os óleos vegetais ligeiramente abaixo do nível de 2021. Mais oferta de óleo de palma da Indonésia e produção sazonalmente crescente no sudeste da Ásia ajudaram a reduzir os preços, enquanto a demanda de importação de óleo de girassol foi reduzida, disse a FAO em um comunicado.

Além disso, os estoques de lácteos permaneceram suficientes ao longo do mês, e a Nova Zelândia, um grande produtor do setor, aumentou sua produção. Paralelamente, os principais importadores de aves reduziram suas compras, enquanto a demanda doméstica por carne bovina nos principais exportadores foi fraca.

Ainda assim, as preocupações com o impacto da seca nas colheitas de milho compensaram parcialmente as quedas nos preços dos grãos. E enquanto mais grãos estão deixando a Ucrânia, o volume ainda está muito abaixo dos níveis comuns, e terras agrícolas perdidas ameaçam a próxima colheita de trigo.

PUBLICIDADE

A FAO reduziu sua previsão de grãos para 2022 em 1,4%, uma vez que as ondas de calor levaram à queda na produção de milho na União Europeia. Um dólar forte também tornará mais caro o transporte de alimentos, e isso será especialmente problemático para países de baixa renda dependentes de importação, de acordo a FAO.

O índice da ONU acompanha os preços de exportação de matérias-primas e exclui as margens de lucro do varejo, portanto, pode demorar um pouco até que seu impacto seja sentido pelos consumidores.

Veja mais em Bloomberg.com

PUBLICIDADE

Leia também

Petrobras faz novo corte em preço da gasolina e queda desde julho chega a 19%