Plataforma de criptos Celsius entra com pedido de proteção no Chapter 11

Empresa de empréstimos tem uma lista com 100 mil credores; o maior valor a receber é de US$ 81 milhões

Sam Bankman-Fried, CEO da exchange FTX
Por Emily Nicolle, Anna Irrera e Donal Griffin
14 de Julho, 2022 | 05:02 PM

Bloomberg — Entre os mais de 100 mil credores da Celsius Network, a plataforma de empréstimo de criptomoedas que entrou com pedido de proteção na quarta-feira (13), uma entidade se destaca: a “Pharos USD Fund SP”.

A Celsius deve US$ 81 milhões a uma empresa chamada Pharos, um valor duas vezes maior que o do segundo maior credor, de acordo com o pedido no “Chapter 11″ – capítulo da legislação americana para recuperações judiciais e falências dos Estados Unidos. O documento lista um endereço nas Ilhas Cayman para a Pharos, juntamente com um e-mail.

Uma pesquisa no Google por “Pharos USD Fund SP”, contudo, não aponta encontrado nenhum resultado. Um anúncio de emprego em um site a descreve como uma empresa de negociação proprietária com sede em Londres focada em criptomoedas.

empresa chamada Pharos é a que tem maior valor a receberdfd

O site e a página do LinkedIn da empresa de tecnologia Lantern Ventures não mencionam a Pharos, mas um arquivo de abril da SEC, o equivalente da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, lista a empresa como afiliada da Lantern.

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A Pharos tem cerca de US$ 400 milhões sob gestão, dos quais mais da metade pertence a investidores de fora dos Estados Unidos, de acordo com o arquivo da SEC. Embora o site da Lantern Ventures e a página do LinkedIn não citem quanto a empresa gerencia, uma pessoa que se anuncia como trader da empresa a classifica como um “fundo hedge cripto de US$ 550 milhões” em seu perfil do LinkedIn.

Um registro na Companies House, departamento do Reino Unido que gerencia empresas, mostra que a Lantern Ventures tinha 3,1 milhões de libras (cerca de US$ 3,7 milhões) em ativos líquidos em maio de 2021. Um ano antes, a empresa havia listado 508.000 libras (US$ 600.050) em passivos líquidos.

A Lantern Ventures, no entanto, tem funcionários cujos históricos de carreira listados no LinkedIn se cruzam com o de um proeminente bilionário de criptomoedas cuja empresa também é um grande credor da Celsius: Sam Bankman-Fried, CEO da exchange FTX.

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É o caso, por exemplo, de Tara Mac Aulay, CEO da empresa, que é cofundadora da Alameda Research, uma grande firma de trading ligada a Sam Bankman-Fried. Ela também trabalhou no Centre for Effective Altruism, sediado em Oxford, no Reino Unido, uma instituição de caridade onde Bankman-Fried era ex-diretor de desenvolvimento, de acordo com seu perfil no LinkedIn.

A página de Mac Aulay no LinkedIn, que a descreve como farmacêutica por formação, não menciona sua antiga função na Alameda.

Pelo menos três outros funcionários da Lantern Ventures trabalharam para a instituição de caridade ou sua afiliada “Giving What We Can”, da qual Bankman-Fried está listado como membro, de acordo com as biografias dos funcionários no LinkedIn.

Investidores da Lantern

Outro funcionário da Lantern Ventures, Victor Xu, foi head de traders da Alameda por nove meses em 2018, de acordo com seu perfil no LinkedIn. Segundo o pedido de falência, a Celsius deve US$ 12,8 milhões à Alameda.

Mac Aulay e Xu não responderam aos pedidos de comentários da Bloomberg News. Um e-mail para o endereço da Lantern Ventures listado no arquivo não foi respondido. A Alameda Research também não respondeu imediatamente a um e-mail enviado pela Bloomberg.

Um documento registrado no Reino Unido lista Mac Aulay como o maior acionista da Lantern Ventures em maio de 2021. Outros investidores incluem Luke Ding, ex-sócio da Brevan Howard Asset Management, e Pamir Gelenbe, da Libertus Capital.

Bankman-Fried se destacou no recente selloff do mercado de criptomoedas, aparecendo como um grande mutuário e credor na falência deste mês da plataforma Voyager Digtal. Sua exchange de criptomoedas, a FTX, está injetando capital na BlockFi, outra plataforma de empréstimo de criptomoedas em dificuldades, e tem a opção de adquiri-la.

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- Com a colaboração de Tanzeel Akhtar, Benjamin Robertson e Daniel Zuidijk.

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