Mercados entram em julho voláteis e avessos ao risco

Investidores reúnem dados macroeconômicos para inferir como será a política dos bancos centrais e se aperto excessivo pode trazer recessão

Por

Barcelona, Espanha — (Esta é a versão ampliada a atualizada de nota publicada originalmente às 5h39)

Os mercados voltaram a amanhecer avessos ao risco, à espera de novos dados que corroborem (ou não) a expectativa cada vez mais estendida de que uma recessão estaria por vir.

👁️ De olho na macro. Há três classes de dados que chamarão a atenção hoje. A inflação europeia (que marcou novo recorde). Os indicadores de gerentes de compras PMI vão esclarecer como está a pulsação do setor manufatureiro em diversas partes do globo. E finalmente tem o índice ISM nos Estados Unidos, um importante termômetro da indústria, com expectativas de produção, novos pedidos, estoques, empregos e entregas. Espera-se que caia em junho para 54,9, contra 56,1 na última leitura.

📈 Os preços disparam. Outra vez. A inflação da Zona do Euro atingiu um novo recorde, superando as expectativas e reforçando os apelos para aumentos agressivos das taxas de juros feitos pelos bancos centrais em todo o mundo. Impulsionados novamente pelo aumento dos custos de alimentos e energia, os preços ao consumidor subiram 8,6% em junho frente ao ano anterior, contra 8,1% em maio. Os economistas entrevistados pela Bloomberg projetavam um aumento de 8,5%.

→ Leia o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Startups da América Latina ainda seduzem

🚦 Cautela enquanto espera. Os mercados de renda variável começam julho com novas quedas tanto nas bolsas da Europa (o Stoxx 600 chegou a perder mais de 1%) como entre os futuros de índices dos EUA. As expectativas com relação aos novos indicadores macro e os temores de que o caminho a uma recessão está sendo pavimentado levam os investidores a refugiar-se. Ao mesmo tempo, os títulos do Tesouro norte-americano a 10 anos ganhavam valor, exibindo um prêmio inferior a 3% - o mais baixo desde o início de junho.

🪂 Queda livre. As expectativas em torno de novos indicadores e o medo de que o caminho para a recessão esteja sendo pavimentado levam os investidores a se retraírem. As ações caem nos Estados Unidos e os títulos do governo norte-americano de 10 anos se recuperam valor, com um prêmio inferior a 3%, o mais baixo desde o início de junho. Na Europa, os mercados de ações negociam entre ganhos e perdas - o Stoxx 600 chegou a cair mais de 1%, mas há pouco inclinava-se para o campo positivo.

Em Wall Street, as quedas acumuladas no semestre foram de 20,5% para o S&P 500, de 15,31% para o Dow Jones Industrial e de 29,51% para o Nasdaq Composite. Os dados dos EUA na quinta-feira mostraram que os gastos pessoais ajustados à inflação encolheram em maio pela primeira vez este ano.

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (-0,82%), S&P 500 (-0,88%), Nasdaq Composite (-1,33%), Stoxx 600 (-1,50%), Ibovespa (-1,08%)

Nos EUA, as bolsas tiveram dificuldade em manter os ganhos. O índice S&P 500 teve seu pior primeiro semestre desde 1970, enquanto o Nasdaq 100, com grande exposição ao setor de tecnologia, perdeu quase um terço de seu valor este ano, apagando cerca de US$ 5,4 trilhões em uma liquidação que deixou poucas ações ilesas. No Brasil, o Ibovespa foi afetado pelo cenário externo e também pelos riscos fiscais, que vieram à tona com as pressões para reduzir os preços dos combustíveis e com propostas de novos auxílios.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

Feriado: Hong Kong

Indicadores PMIs: Estados Unidos, Zona do Euro, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Espanha, Brasil, México

EUA: Gastos de Construção/Mai, Índice ISM de Novos Pedidos no Manufatureiro/Jun, Preços no Setor Manufatureiro ISM/Jun

Europa: Zona do Euro (IPC/Jun); França (Balanço Orçamentário do Governo/Mai); Reino Unido (Crédito ao Consumidor BoE/Mai); Itália (IPC/Jun)

América Latina: Brasil (IPP/Mai, Empréstimos Bancários/Mar), Balanço Orçamentário/Mai), Balança Comercial/Jun)

(Com informações da Bloomberg News)