Bloomberg — Ex-sócios da Canvas Capital, uma gestora na qual o Credit Suisse (CS) tem participação, estão iniciando uma empresa para focar em produtos de crédito no Brasil em um momento em que fundos de renda fixa atraem fortes fluxos de recursos.
A Root Capital, uma gestora fundada em 2010 que o grupo reativou, já tem cerca de R$ 1,6 bilhão em capital comprometido de clientes e uma equipe de 13 profissionais seniores, disse Rafael Fritsch, diretor de investimentos.
“O aumento da inflação e das taxas de juros no Brasil estão tornando os produtos de crédito muito atraentes”, disse Fritsch em entrevista.
Os investidores concordam. O total de patrimônio dos fundos de renda fixa atingiu R$ 2,71 trilhões, após entradas líquidas de R$ 99,3 bilhões neste ano até maio e de R$ 255,9 bilhões no ano passado, segundo a Anbima, a associação do mercado de capitais.
Fritsch e seis sócios deixaram a Canvas em abril. A ideia agora é se especializar em crédito, dada a forte demanda dos investidores, disse Fritsh, acrescentando que a equipe da Root trabalha em conjunto há cerca de 13 anos, começando na JGP, sediada no Rio.
A sede da Root é no Rio, mas a empresa já abriu um escritório em São Paulo.
Atualmente, a empresa possui dois fundos abertos, o Root Capital High Yield e Root Capital Crédito High Grade Plus, com retornos respectivos de 8,18% e 6,52% no acumulado do ano, sendo distribuídos em plataformas locais no Brasil para o varejo. Também possui fundos de crédito inadimplente denominados em dólares e fechados para novos investimentos.
Os planos são lançar outros fundos de crédito inadimplente e também fundos que compram títulos lastreados em créditos dos setores imobiliário e agrícola, os chamados CRIs e CRAs, que têm isenção de imposto de renda para pessoas físicas, disse Fritsch.
“Teremos tempos difíceis pela frente, com aumento do risco de recessão no Brasil e no mundo, então acredito que o potencial para fundos de crédito inadimplente é enorme”, disse ele.
Fritsch aprendeu a negociar dívida em situações de estresse: foi gestor de portfolio sênior do Deutsche de 2005 a 2010, em Londres, na equipe do lendário Greg Lippmann, que apostou contra os bancos em operações estruturadas de hipotecas de maior risco, usando derivativos de crédito, e ganhou bilhões. Um personagem inspirado em Lippmann foi interpretado pelo ator Ryan Gosling no filme “The Big Short”.
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