Por que CEOs americanos mudaram o tom e passaram a alertar sobre a economia

De Jamie Dimon a Elon Musk, executivos alertaram investidores sobre inflação e aumentos de juros nos Estados Unidos

Musk teria dito a funcionários da Tesla que tem uma “sensação muito ruim” sobre a economia, segundo e-mail interno
Por Catherine Larkin e Steve Dickson
03 de Junho, 2022 | 05:22 PM

Bloomberg — As grandes corporações americanas mudaram repentinamente seu tom sobre a economia dos Estados Unidos.

Executivos como Jamie Dimon, do JPMorgan (JPM), o bilionário Elon Musk, da Tesla (TSLA), e Gary Friedman, chefe da varejista de móveis RH, alertaram os investidores nesta semana para serem cautelosos com uma desaceleração econômica acentuada. Depois de meses de fortes gastos do consumidor e melhoras na cadeia de suprimentos, alguns dos líderes corporativos mais francos do país começaram a intensificar os avisos sobre a combinação de inflação elevada e aumentos de juros.

“Temos um longo caminho a percorrer para aumentar as taxas de juros para combater a inflação”, disse Friedman após a divulgação de balanço da RH na quinta-feira (2). “E eu acho que você precisa estar preparado para qualquer coisa agora.”

Musk teria dito a funcionários da Tesla (TSLA) nesta semana que tem uma “sensação muito ruim” sobre a economia e que será preciso cortar 10% da força de trabalho na montadora de carros elétricos, segundo a Reuters. A empresa de carros elétricos emprega cerca de 99.300 funcionários.

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O tom contrasta com o relatório oficial de empregos dos EUA desta sexta-feira (3), que mostrou uma criação de 390.000 vagas em maio, acima do esperado pelo mercado. E muitos economistas ainda veem a chance de recessão como improvável no próximo ano, mesmo que a probabilidade tenha aumentado. Uma pesquisa da Bloomberg estima 30% de chance de recessão nos próximos 12 meses, ante 15% em março.

O pessimismo ficou particularmente evidente no setor financeiro, em que Dimon disse a investidores na quarta-feira (1) que deveriam se preparar para um “furacão” econômico.

“Aquele furacão está bem ali, vindo em nossa direção”, disse o CEO do JPMorgan, citando o aumento das taxas de juros e as consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia. “Não sabemos se é uma pequena tempestade ou o Furacão Sandy [que atingiu Nova York em 2021]. É melhor você se preparar.

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O presidente do Goldman Sachs (GS), John Waldron, retomou o tema no dia seguinte, chamando o atual clima econômico de um dos mais complexos que ele já viveu. “A confluência do número de choques no sistema para mim é sem precedentes”, disse Waldron.

O CEO da BlackRock (BLK), Larry Fink, disse que espera que a inflação permaneça elevada por vários anos. Trata-se da maior gestora do mundo. E o CEO da PNC Financial, Bill Demchak, disse que o único resultado possível é uma recessão.

A S&P suspendeu sua estimativa anual nesta semana, citando a deterioração das condições econômicas e volumes “extraordinariamente fracos” de emissão de dívida.

Alguns executivos de bancos ainda contam com a força do consumidor americano. Holly O’Neill, presidente de varejo do Bank of America (BAC), disse que ainda não há indicação de que esse pilar da economia esteja começando a desmoronar.

“Não estamos vendo nenhum sinal de rachaduras”, disse O’Neill em uma conferência com investidores. “Obviamente, monitoramos isso todos os dias.”

Nesta sexta (3), Jane Fraser, CEO do Citigroup (C), defendeu queuma recessão na Europa definitivamente parece mais provável do que o que vemos nos Estados Unidos”. Mas, mesmo na maior economia do mundo, uma recessão “não será fácil de evitar”.

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