Sequoia: ‘bons tempos’ não só acabaram como não devem voltar tão cedo

Gigante de venture capital alerta fundadores de startups sobre o momento crucial que a economia global atravessa

Momento "não significa que você tem que puxar o gatilho, mas que você precisa estar pronto para fazê-lo", disse a empresa de risco em apresentação
Por Lizette Chapman
26 de Maio, 2022 | 12:53 PM

Bloomberg — Chamando o momento atual da economia global de “caldeirão”, a Sequoia Capital alertou que os bons tempos não apenas acabaram como não há indicação de quando eles voltarão.

Em uma teleconferência no início deste mês com os fundadores de suas 250 empresas em portfólio, a empresa de risco revisou uma apresentação de 50 páginas intitulada “Adaptação para Durar”, de acordo com documentos obtidos pela Bloomberg News.

A Sequoia apresentou o caso de uma recessão longa e prolongada e instruiu os fundadores a “fazer o exercício de corte” imediatamente, se ainda não o fizeram, examinando maneiras de economizar dinheiro por meio da eliminação ou redução de projetos, pesquisa e desenvolvimento, marketing e outras despesas.

“Isso não significa que você tem que puxar o gatilho, mas que você precisa estar pronto para fazê-lo nos próximos 30 dias, se necessário”, escreveu a Sequoia, com sede em Menlo Park, Califórnia, na apresentação.

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Um número crescente de empresas privadas de tecnologia em estágio avançado – as mesmas que foram financiadas pelos investidores para crescer a todo custo – voltaram a se concentrar em seus lucros. A empresa sueca Klarna Bank AB e a startup de entrega rápida Getir, com sede em Istambul – ambas apoiadas pela Sequoia – estão entre as empresas que demitiram centenas de pessoas recentemente.

A Sequoia, que também pesou na crise de 2020 com seu memorando “Cisne Negro” e o “RIP Good Times” em 2008, chamou as startups pré-IPO como particularmente vulneráveis se não estivessem totalmente focadas em gerar lucro.

Na terça-feira (24), o aplicativo de entrega rápida de supermercado Gorillas anunciou que cortaria 50% de sua equipe global de escritórios, ou cerca de 300 trabalhadores. O provedor de serviços de saúde online Kry International, avaliado em US$ 2 bilhões no ano passado, disse recentemente que cortaria 10% de sua força de trabalho de mil funcionários.

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A Sequoia também alertou os fundos de hedge que focaram em investimentos privados, e que agora “tendem a ferir seus portfólios que foram duramente atingidos”.

O principal fundo de hedge da Tiger Global registrou recentemente um declínio de 15% em abril, estendendo sua perda para 44% no ano, impulsionada pelo declínio dos investimentos em tecnologia. O SoftBank também registrou um prejuízo anual recorde depois que uma venda de ações de tecnologia derrubou o valor de suas empresas de portfólio, incluindo a Coupang, Uber (UBER) e Didi Global.

Mas nem todo mundo é tão pessimista em relação ao futuro dos mercados. A Andreessen Horowitz, empresa privada de venture capital, disse na quarta-feira (25) que levantou um fundo de criptomoedas de US$ 4,5 bilhões, o maior do setor até o momento. A TripActions, com sede em Palo Alto, Califórnia, também está em discussões com investidores para levantar cerca de US$ 9 bilhões, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.

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