Com foco no varejo, XP entra em mercado de investimento direto no exterior

Recurso estará disponível, por meio de lista de espera, inicialmente para clientes selecionados e com perfil de suitability adequado ao risco

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Bloomberg Línea — Em meio ao cenário desafiador para investimentos e com o brasileiro aprendendo a diversificar cada vez mais o portfólio, a XP Inc. (XP) anunciou nesta quinta-feira (5) a entrada em um novo mercado para o cliente de varejo: o de investimento direto no exterior.

Com a nova funcionalidade, clientes da corretora poderão ter uma conta de investimentos internacional por meio da corretora americana XP Internacional e poderão investir diretamente em empresas listadas na Nasdaq e na NYSE, nos Estados Unidos.

“O mercado internacional é pouco explorado por clientes brasileiros e nosso intuito é quebrar essa barreira geográfica. É um produto natural e fundamental para a expansão da XP, uma sementinha para expandir as operações internacionalmente”, disse Lucas Rabechini, diretor de produtos financeiros da XP, durante entrevista coletiva nesta quinta.

Segundo o executivo, a ideia é começar pelo mercado de ações, expandindo depois para outros produtos, como bonds (os títulos do Tesouro americano), mutual funds e banking. Focada em clientes do varejo, a plataforma terá até o final de junho mais de 10 mil ativos, dentre ações, ADRs e ETFs, os fundos de índice.

“Estamos construindo um hub internacional que conecta diferentes tipos de clientes com o mundo, começando pelos brasileiros”, disse Thiago Maffra, CEO da XP Inc. “É um hub que conecta os EUA com clientes brasileiros, mas que poderia conectar também qualquer tipo de cliente, desde assessores de investimento em outros países ao cliente final de varejo no exterior, com o mundo.”

O recurso estará disponível inicialmente para clientes selecionados pelo algoritimo da XP, que busca aqueles com perfil de suitability adequado ao risco. Começará com uma lista de espera, em maio, com lançamento para esse grupo a partir da segunda semana de junho.

A casa também quer expandir a oferta de conteúdo e análises sobre o mercado internacional para os clientes brasileiros, de forma a direcioná-los à nova jornada mundo afora.

Segundo Rabechini, não haverá valor mínimo para investimento, mas haverá um filtro de perfil de risco para os clientes que desejarem investir diretamente em ativos no exterior.

Para os próximos três anos, a XP estima um crescimento desse mercado em torno de R$ 50 bilhões no Brasil e tem um plano ambicioso: o de dominar a maior fatia de market share, competindo diretamente com a Avenue.

Balanço do 1º trimestre

No primeiro trimestre, a XP Inc. (XP) registrou lucro líquido ajustado de R$ 987 milhões, avanço de 17% na comparação com o mesmo trimestre de 2021 e queda de 9% na base anual. No período, a receita bruta também teve crescimento anual de 17%, para R$ 3,3 bilhões.

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 1,2 bilhão, 14% maior do que o registrado entre janeiro e março do ano passado.

A carteira de crédito da corretora atingiu R$ 11,5 bilhões no fim de março deste ano, um crescimento de 142% na comparação com 2021. Já os cartões de crédito XP geraram R$ 4,5 bilhões em volume de transações no primeiro trimestre – nove vezes superior em relação ao mesmo período do ano passado.

Após a divulgação dos resultados, as ações da companhia chegaram a cair forte em Nova York. Em relatório divulgado na quarta-feira (4), o Bank of America escreveu que as informações financeiras detalhadas mostraram uma geração de receita mais fraca do que o esperado, refletindo principalmente uma pressão mais acentuada no rendimento da receita do varejo.

Já o UBS BB escreveu, em relatório publicado no dia 3 de maio, que o “take rate”, que se mostrou resiliente nos últimos trimestres, apresentou uma contração no primeiro trimestre, sendo o principal destaque negativo dos resultados da XP.

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