XP lucra R$ 987 mi no 1º trimestre e vê força do investidor institucional

Entre as vertentes que estão se destacando dentro da XP, CF0 da companhia destacou as de previdência privada, cartão de crédito e seguros

Companhia teve crescimento de 17% na base de clientes, para 3,5 milhões
03 de Maio, 2022 | 05:53 PM

Bloomberg Línea — O ambiente mais desafiador no primeiro trimestre deste ano, que aumentou a aversão ao risco dos mercados, tem sido representado no balanço corporativo de empresas do setor financeiro. Isso porque, em compasso de espera, investidores têm buscado aplicações mais conservadoras que são ainda mais atrativas em um cenário de juros elevados. Mesmo assim, apostas em outros serviços e tipos de clientes têm contribuído para amenizar o impacto negativo. Ao menos esse é o cenário na XP Inc. (XP).

“A atividade de mercado de capitais lá fora caiu 50% ano sobre ano e aqui não foi diferente, teve o chamado efeito portfólio. É óbvio que isso tem impacto negativo momentâneo, mas ele foi compensado por outras verticais de negócio que estão indo super bem”, disse Bruno Constantino, CFO da XP Inc., em teleconferência com jornalistas nesta terça-feira (3) sobre os resultados trimestrais da companhia.

No primeiro trimestre, a XP Inc. (XP) registrou lucro líquido ajustado de R$ 987 milhões, avanço de 17% na comparação com o mesmo trimestre de 2021 e queda de 9% na base anual. No período, a receita bruta também teve crescimento anual de 17%, para R$ 3,3 bilhões.

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 1,2 bilhão, 14% maior do que o registrado entre janeiro e março do ano passado.

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Entre as vertentes que estão se destacando dentro da XP, Constantino destacou as de previdência privada, cartão de crédito, oferta de crédito e seguros.

A carteira de crédito da corretora atingiu R$ 11,5 bilhões no fim de março deste ano, um crescimento de 142% na comparação com 2021. Já os cartões de crédito XP geraram R$ 4,5 bilhões em volume de transações no primeiro trimestre – nove vezes superior em relação ao mesmo período do ano passado.

Entre janeiro e março, o número de cartões de crédito ativos da XP ultrapassou 308 mil, salto anual de 316%. “A estratégia [de cartões] continua firme e forte; nossa ideia é desenvolver cartão as a service para cliente ricos no final deste ano”, afirmou o executivo da XP.

Nas negociações pós-mercado, por volta das 18h40 (horário de Brasília), as ações da XP caíam cerca de 5% em Nova York.

Renda fixa é destaque

A maior incerteza no período levou a XP a alcançar recorde de volume e de receita no mercado institucional na renda fixa, com clientes buscando maior proteção e derivativos. A receita bruta total para o segmento ficou em R$ 548 milhões, aumento de 86% na base anual e de 68% em relação ao quarto trimestre de 2021.

De acordo com a companhia, o trimestre também foi marcado por avanços nos números de clientes, que somaram 3,5 milhões, alta de 17%, e de agentes autônomos conectados à rede, que totalizaram 10,7 mil profissionais, crescimento de 24%.

Apesar do ambiente ainda desafiador, Constantino espera um crescimento de receita para o restante do ano. “A atividade de mercado de capitais, principalmente no mundo de dívida, é recorrente. No primeiro trimestre, tivemos pouca oferta em dívida, então o pipeline está represado. Mas isso volta, as empresas precisam captar. Não esperaria para o resto do ano o que vimos no primeiro trimestre”, disse.

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E completou: “Se compararmos janeiro e março, já observamos uma evolução na atividade do mercado de capitais. Enquanto janeiro praticamente não existiu, março foi o melhor mês no período; o trimestre terminou com uma sinalização bem positiva nesse sentido.”

Ao fim do primeiro trimestre, o total de ativos sob custódia (AUC, na sigla em inglês) estava em R$ 873 bilhões, alta de 22% em relação ao mesmo período em 2021, e crescimento de 7% ante o último trimestre do ano passado. Já a captação líquida ficou em R$ 46 bilhões, uma média de R$ 15 bilhões por mês.

Segundo o executivo da XP, o maior desafio para a companhia é absorver e integrar os mais de 6 mil funcionários hoje ativos na companhia, dos quais mais de 3 mil foram contratados no ano passado. “Esse cenário que estamos vivendo hoje até ajuda, porque se parar para pensar que somos uma empresa de high growth, que não para, conseguimos agora fazer esse exercício interno”, completou.

Novo investimento do Itaú na XP

Após aval do Banco Central, o Itaú Unibano (ITUB4) exerceu seu direito de fazer a compra adicional de ações da XP, conforme acordo de R$ 12 bilhões firmado entre as duas instituições em 2017 e que deu ao banco 49,9% da corretora. O novo investimento soma R$ 8 bilhões e representa 11,36% da XP.

Questionado pela Bloomberg Línea, Constantino disse que o novo investimento já era esperado, previsto desde 2017 quando o Itaú comprou participação minoritária, e dependia apenas da aprovação do Banco Central. Segundo ele, o investimento não muda nada na governança da empresa.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.