Último abalo do Credit Suisse deixa CEO como único sobrevivente

Conturbado banco suíço informou que seu diretor financeiro, chefe da Ásia e conselheiro geral sairiam após uma segunda perda trimestral consecutiva

O Credit Suisse está tendo dificuldade de sair de uma sequência de perdas
Por Marion Halftermeyer - William Shaw
27 de Abril, 2022 | 08:15 PM
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Bloomberg — Faz pouco mais de dois anos que Thomas Gottstein foi escolhido entre uma dúzia de membros do conselho executivo para comandar o Credit Suisse (CS) em uma dramática mudança de liderança. Ele logo será o único que restará desse grupo.

O conturbado banco suíço disse na quarta-feira (27) que seu diretor financeiro, chefe da Ásia e conselheiro geral sairiam após uma segunda perda trimestral consecutiva e dores de cabeça legais contínuas. Axel Lehmann, o terceiro presidente da empresa em cerca de um ano, está movimentando ainda mais os altos escalões poucos dias antes de sua primeira reunião anual de acionistas.

Quando Gottstein se tornou CEO, em fevereiro de 2020, Andre Helfenstein assumiu a divisão bancária suíça do Credit Suisse e ingressou no conselho executivo.

O Credit Suisse está tendo dificuldade de sair de uma sequência de perdas, que inclui cinco alertas de lucro nos últimos seis trimestres e as maiores perdas entre os pares de Wall Street, depois que a implosão da Archegos Capital Management o deixou com um prejuízo de US$ 5,5 bilhões. O banco também despertou a ira de alguns investidores que pedem mais divulgação sobre o colapso de um grupo de fundos de financiamento da cadeia de suprimentos que a empresa suíça administrava com o credor falido Greensill Capital.

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Confira quem entrou e quem saiu:

Diretor financeiro

David Mathers, que passou mais de uma década no cargo de CFO, está deixando o banco assim que um substituto for encontrado. Mathers tem sido um defensor do Credit Suisse, guiando-o pelas consequências da crise financeira como chefe de finanças do banco de investimento. Seu mandato contou com três CEOs, vários captações de capital e, mais recentemente, a emissão de notas conversíveis para reforçar o capital do banco depois que o banco foi atingido pela crise Archegos. Ele também é CEO do Credit Suisse International.

O Credit Suisse realizará uma pesquisa interna e externa - envolvendo Mathers - para preencher as duas funções. Gottstein disse que aceitou “com pesar” a decisão de Mathers de sair.

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CEO para Europa, Oriente Médio e África

Francesca McDonagh, que é CEO do grupo no Bank of Ireland, assumirá a região EMEA em 1º de outubro. Ela está substituindo Francesco De Ferrari, CEO da divisão de gestão de patrimônio, que ocupou o cargo na EMEA interinamente desde janeiro.

McDonagh, que assumiu o cargo de CEO em 2017, deixará o banco irlandês em setembro, disse o Bank of Ireland em comunicado na terça-feira (26). Antes disso, ela passou mais de duas décadas no HSBC (HSBC), inclusive como chefe regional de banco de varejo e gestão de patrimônio.

CEO para Ásia-Pacífico

Helman Sitohang deixará o cargo de chefe da APAC em 1º de junho. Ele ingressou no Credit Suisse em 1998 e é CEO da Ásia desde 2014, tendo anteriormente dirigido o banco de investimento na região.

A região de Sitohang foi recentemente desmantelada como parte de uma reestruturação que fundiu os vários negócios da Ásia em unidades globais, o que o deixou com uma responsabilidade regional, mas nenhuma divisão de negócios para administrar. Ele ficará no banco e se tornará consultor sênior do CEO do grupo, focado em clientes principais na região da Ásia-Pacífico.

Edwin Low, que está no Credit Suisse desde 1996, substituirá Sitohang no conselho executivo. Ele é atualmente co-diretor do banco de investimento APAC e CEO para o Sudeste Asiático. Ele trabalhou anteriormente para a Schroders Australia e o escritório de advocacia Mallesons Stephen Jaques.

Conselho Geral do Grupo

O ex-conselheiro geral do UBS Group (UBS) Markus Diethelm assume o Conselho em 1º de julho, sucedendo Romeo Cerutti, que presidiu a estratégia jurídica na última década.

Cerutti ingressou em 2006 como conselheiro geral de private banking e como co-diretor global de compliance para todo o banco. Ele se tornou conselheiro geral em 2009. Diethelm foi anteriormente diretor jurídico do grupo na Swiss Re e trabalhou com os escritórios de advocacia norte-americanos Gibson, Dunn & Crutcher e Shearman & Sterling.

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Os custos de litígios provaram ser um obstáculo recorrente nos esforços de recuperação do banco, já que o conturbado credor trabalha com uma série de ações judiciais de disputas herdadas e perdas mais recentes, incluindo Archegos e Greensill.

O CEO Gottstein disse na quarta-feira (27) que o banco eliminou mais de 80 casos no último ano e meio e liquidou 13. “Este é um progresso significativo, mas ainda há mais a fazer”, disse ele em entrevista a Manus Cranny, da Bloomberg Television.

Os investidores do Credit Suisse esperam que a ampla revisão seja um divisor de águas e reforce o preço das ações, que caiu pela metade desde o início de março de 2021.

“Estou ansioso para ter Francesca, Markus e Edwin no conselho executivo, por causa de seus profundos insights profissionais e profundo conhecimento do setor de serviços financeiros”, disse Gottstein em comunicado. “Gostaria de agradecer a Romeo, David e Helman por seus serviços.”

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– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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