Maior fundo de hedge do mundo diz que EUA precisam acelerar o passo com juros

Estrategista-chefe da Bridgewater diz que as taxas de juros precisam subir muito mais do que Powell pensa para controlar a inflação

Patterson e seus colegas da Bridgewater olham com desconfiança para preços de mercado que sugerem uma taxa básica de juros máxima de pouco mais de 3%
Por Liz McCormick
27 de Abril, 2022 | 02:57 PM

Bloomberg — Rebecca Patterson da Bridgewater tem uma mensagem para o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell: é hora de ficar ainda mais hawkish.

A estrategista-chefe de investimentos do maior fundo de hedge do mundo diz que as taxas de juros precisam subir muito mais do que Powell pensa para controlar a inflação.

O aperto agressivo previsto para a política monetária continuará a elevar os yields de todos os vencimentos, o que ajuda a explicar por que a empresa está vendida em títulos do Tesouro americano ao longo de toda a curva.

“Os mercados estão descontando que teremos a inflação, não de volta para 2%, mas para cerca de 3%, nos próximos três anos – e isso com muito aperto do Fed”, disse Patterson em entrevista. “A questão para nós é se é suficiente levar a inflação para onde os mercados estão descontando. Achamos que o risco é que não seja.”

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Patterson é o tipo de veterana de mercado que os dirigentes do banco central ouvem, com base em sua reputação de fazer escolhas corretas em uma carreira que a levou de jovem repórter em um jornal local na Flórida a braço direito de Ray Dalio, o famoso fundador da Bridgewater.

Patterson, 53, foi membro do comitê consultivo do Fed e apareceu várias vezes na lista anual das mulheres mais poderosas no setor bancário da American Banker.

Atualmente, Patterson e seus colegas da Bridgewater olham com desconfiança para preços de mercado que sugerem uma taxa básica de juros máxima de pouco mais de 3% neste ciclo de aperto, acima do nível de 2,8% que os formuladores de política monetária sinalizaram será necessário para controlar a inflação.

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Essa perspectiva por si só já ajudou a elevar os rendimentos dos Treasuries de 10 anos para uma máxima de mais de três anos, de quase 2,98%. No entanto, a taxa de equilíbrio dos EUA - um indicador de expectativas - ainda projeta uma inflação média de cerca de 2,9% na próxima década.

O índice de preços ao consumidor teve aumento anual de 8,5% em março, com o núcleo - que exclui custos de alimentos e energia - em 6,5%. A Bridgewater espera que o núcleo do índice permaneça em 6,5% daqui a um ano.

Embora não tenha revelado exatamente quanto ela acredita que o Fed precisa aumentar, Patterson disse que a taxa básica do banco central americano precisa subir muito mais do que o esperado para que a inflação volte para perto da meta de 2% do Fed para o índice de gastos com consumo pessoal. Esse indicador está cerca de 0,4 ponto percentual abaixo do índice de preços ao consumidor.

Para Patterson, tudo isso resulta em mais alta nos yields.

“Os rendimentos do Tesouro de dez anos têm bastante espaço decente para subir”, disse Patterson durante a entrevista em 12 de abril. “3% é muito fácil de vislumbrar, e eu não descartaria que vejamos 4%.”

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