Ibovespa supera 119 mil pontos e dólar volta a R$ 5,83 após fala de presidente do BC

Índice foi puxado nesta quinta por ações de varejistas e papéis ligados à tecnologia, que se beneficiam em um cenário de juros mais baixos

No Brasil, dólar testou patamar dos R$ 4,77, mas passou a subir após falas de presidente do BC.
24 de Março, 2022 | 05:28 PM
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Bloomberg Línea — Em um dia de queda do petróleo e com investidores repercutindo dados de emprego nos Estados Unidos e de inflação no Brasil, os mercados tiveram uma sessão de ganhos nesta quinta-feira (24), com alta do Ibovespa e das bolsas em Wall Street.

No Brasil, o dólar (USD-BRL) recuou pela manhã, chegando a testar o patamar dos R$ 4,76 no início da tarde. A divisa, contudo, passou a subir após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizar que o ciclo de alta de juros pode terminar já em maio. Segundo ele, uma alta adicional de juros em junho “não é o cenário mais provável”.

Repercutiu ainda no âmbito doméstico o Relatório Trimestral de Inflação, em que o BC adotou um tom mais otimista que os investidores quanto ao crescimento econômico. A autoridade monetária manteve a projeção de um Produto Interno Bruto (PIB) para 2022 estável em 1%.

Economistas consultados pelo BC projetam expansão de 0,5% neste ano e de 1,3% no ano que vem para o PIB. Já as projeções de inflação ficaram inalteradas desde a ata de sua última reunião de política monetária, apontando para alta de 7,1% este ano e de 3,4%, em 2023.

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Na Bolsa, as perspectivas de juros mais baixos contribuíram para ganhos de ações de varejistas e de empresas ligadas à tecnologia. Os maiores ganhos partiram dos papéis de Magazine Luiza (MGLU3), Banco Inter (BIDI11) e Méliuz (CASH3), com fortes altas de 10%, 10,12% e 9,05%, respectivamente, na B3.

Na ponta oposta, recuaram as ações de Locaweb (LWSA3), com baixa de 7,05%, de Hapvida (HAPV3), que cederam 5,09% e as de Petrorio (PRIO3), que caíram 4,50%.

Confira como fecharam os mercados nesta quinta-feira (24):

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  • O Ibovespa subiu 1,36%, negociado aos 119.052 pontos, no maior patamar desde setembro de 2021;
  • O dólar à vista terminou estável a R$ 4,83, após testar o patamar dos R$ 4,76 mais cedo;
  • No mercado de juros futuros o movimento foi de forte queda após as falas de Campos Neto: o DI para 2025 caiu 38 pontos-base, a 11,70%, enquanto o DI com vencimento em 2027 recuou 30 pontos-base, a 11,55%;
  • Por volta das 19h (horário de Brasília), o Bitcoin (BTC) subia 3,85%, negociado aos US$ 44.001;

Quadro externo

Nos Estados Unidos, as atenções recaíram sobre dados de desemprego no país. Segundo o Departamento do Trabalho americano, os pedidos iniciais de seguro-desemprego diminuíram em 28 mil, chegando a 187 mil na semana encerrada em 19 de março. O dado veio abaixo dos 210 mil pedidos projetados pelo consenso Bloomberg e representou o menor nível desde 1969 – o que animou investidores.

As preocupações em torno do aumento da inflação continuaram, ainda que o preço do petróleo tenha recuado nesta quinta em meio às notícias de que os EUA e a União Europeia estão perto de um acordo destinado a reduzir a dependência da Europa em relação à energia russa.

  • O petróleo tipo Brent para maio recuou 2,08%, a US$ 115,30 o barril; já o tipo WTI para maio recuou 2,25%, a US$ 112,34 o barril, na Nymex.

Nos EUA, investidores estão vendendo títulos públicos, pois autoridades do Federal Reserve, o banco central americano, alertam que aumentos mais acentuados das taxas podem ser necessários para conter a inflação mais alta em quatro décadas.

O presidente do Fed, Jerome Powell, colocou explicitamente um aumento de meio ponto na mesa em maio, se necessário, dizendo que a economia é forte o suficiente para suportar custos de empréstimos mais altos.

  • Nos EUA, o índice Dow Jones subiu 1,02%, o S&P 500 avançou 1,43%, enquanto o índice da Nasdaq teve alta de 1,93%;
  • Na Europa, as bolsas fecharam mistas nesta quinta: o índice CAC-40, de Paris, recuou 0,39%, enquanto o FTSE, do Reino Unido, teve leve alta de 0,09%;

Ainda na cena externa, com a guerra na Ucrânia completando um mês nesta quinta, os mercados repercutiram as negociações na Otan e nos países do G-7 em meio a novas sanções à Rússia.

Os EUA anunciaram um novo pacote de sanções às elites russas, legisladores e empresas de defesa, punições destinadas a aumentar a pressão sobre Moscou por sua invasão da Ucrânia. As preocupações sobre o ajuste na política monetária dos bancos centrais do mundo ainda se mantêm, o que adiciona mais uma dose de incerteza aos mercados.

(Atualizado às 19h com cotações mais recentes)

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Com informações da Bloomberg News

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.