Bloomberg — A Casa Branca precisa de um “Plano Marshall” para desenvolver mais gás natural doméstico, disse o presidente-executivo do JPMorgan Chase (JPM), Jamie Dimon, ao presidente Joe Biden durante uma reunião privada nesta semana, segundo três fontes familiarizadas com a conversa.
A secretária do Tesouro nos Estados Unidos, Janet Yellen, o conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, e outros altos funcionários do governo se reuniram na segunda-feira (21) com Dimon e outros líderes de empresas industriais, bancárias e de energia para informá-los sobre o impacto da invasão da Ucrânia pela Rússia e as sanções impostas ao país pelos EUA.
Quando Biden fez uma breve aparição na reunião, Dimon pediu ao governo que aumentasse a produção doméstica de gás natural e reduzisse o tempo necessário para obter licenças para projetos de energia renovável, como parques eólicos, segundo uma das fontes. Dimon também falou sem rodeios sobre a necessidade de mais investimento em petróleo e gás no curto prazo, apesar das metas de clima e energia limpa de longo prazo, disse outra fonte.
O Plano Marshall foi uma iniciativa dos EUA, promulgada em 1948, que forneceu bilhões de dólares para ajudar a reconstruir a Europa Ocidental após a Segunda Guerra Mundial.
A abordagem defendida por Dimon poderia reduzir a pressão sobre os EUA de fazer parcerias com regimes desonestos, como a Venezuela ou o Irã, para reabrir o comércio de petróleo. Bancos e empresas de investimento também estão sob crescente pressão para renunciar ao financiamento de combustíveis fósseis.
Executivos da Exxon Mobil (XOM), ConocoPhillips (COP), Bank of America (BAC) e da refinaria Marathon Petroleum (MPC), bem como empresas agrícolas e manufatureiras, estavam entre os outros participantes do briefing.
Autoridades do governo pediram ajuda aos executivos para impedir as exportações de tecnologia eletrônica e de refino de petróleo para a Rússia e garantir que as sanções existentes não sejam contornadas durante conflitos prolongados, disse uma das fontes.
A discussão foi relatada pela primeira vez pela Axios.
Dimon não pediu mais produção doméstica de petróleo, disseram duas fontes familiarizadas com o assunto. Ele citou a necessidade de mais instalações de gás natural liquefeito na Europa e mais investimento em tecnologias como captura de hidrogênio e carbono, segundo uma das fontes.
Um grande desafio em permitir todos os projetos de energia em terras federais - incluindo parques eólicos renováveis e painéis solares - é a eliminação dos requisitos da lei federal para análise ambiental. O governo Biden fez uma modificação para reverter uma iniciativa da era Trump, que tinha o intuito de reduzir essas revisões sob a Lei Nacional de Política Ambiental.
Solicitado a comentar, um porta-voz da Casa Branca disse que o governo tem um conjunto “concreto” de ideias para investimento no setor de energia dos EUA e o governo agradece o envolvimento dos interessados em impulsionar esses investimentos.
Sullivan disse a repórteres a bordo do Air Force One, na quarta-feira (23), que espera um anúncio na manhã de sexta-feira (25) sobre um acordo com os países da União Europeia para reduzir sua dependência das fontes de energia russas.
“Uma grande prioridade tanto para o presidente quanto para seus aliados europeus é reduzir a dependência da Europa do gás russo, ponto final, e o roteiro prático de como fazer isso – que medidas devem ser tomadas, como os Estados Unidos podem contribuir, o que a própria Europa tem que fazer”, disse Sullivan, que acompanha Biden em uma visita à Europa para discutir a invasão da Ucrânia com aliados.
A Casa Branca pediu publicamente aos fornecedores de energia que intensifiquem a produção após um salto nos preços, enquanto critica executivos que disseram estar priorizando os retornos dos investidores sobre a produção adicional. Na semana passada, Biden também criticou as empresas de combustível por manterem os preços altos nas bombas, mesmo com a queda dos preços do petróleo.
– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, localization specialist da Bloomberg Línea.
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