EUA: Mercado perde esperança de ‘pouso suave’ e estabilidade da economia

Para situação melhorar, seria necessário que a inflação recuasse – e é justamente isso que não está acontecendo

Embora presidente do Fed afirme não ter medo de agressividade para conter inflação, especialistas acreditam que deverá haver cortes na taxa básica em 2023
Por Emily Barrett
22 de Março, 2022 | 12:48 PM

Bloomberg — A esperança de um pouso suave da economia dos Estados Unidos está cada vez menor no mercado de renda fixa.

A curva dos títulos do Tesouro americano está prestes a ficar invertida e os investidores reforçaram apostas em cortes na taxa básica de juros já no ano que vem. Eles temem que a série de rápidos aumentos da taxa pelo Federal Reserve provoque uma recessão. O presidente do Fed, Jerome Powell, comunicou que está disposto a agir mais agressivamente para combater a inflação.

“A probabilidade de estabilidade diminui a cada dia”, afirmou a estrategista-chefe global de juros da TD Securities, Priya Misra, em entrevista. “É possível, mas é preciso que a inflação recue logo.”

A curva dos contratos futuros de eurodólar — vista como referência para a direção da taxa básica de juros dos EUA — mostra um pico em junho de 2023 e o equivalente a quase dois cortes de 0,25 ponto percentual até dezembro de 2024. No chamado gráfico de pontos (dot plot) do Fed, a projeção mediana das autoridades é que a taxa chegue perto de 2,8% em 2023 e permaneça estável em 2024.

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“Com a fala de autoridades do Fed sinalizando concentração do aperto no início do ciclo, o mercado já diz que o Fed precisará cortar os juros no final de 2023 ou no início de 2024 porque os aumentos de juros causarão tumulto no mercado e/ou recessão”, afirmou o estrategista Charlie McElligott, da Nomura Holdings.

O próprio Powell reconheceu as dificuldades enfrentadas pelo Fed, que retira estímulos para combater a maior inflação em quatro décadas, em um momento em que a guerra na Ucrânia levou o barril de petróleo acima de US$ 100. O comandante do Fed mencionou uma métrica diferente para a curva de juros, que ainda não dá sinais de alerta.

“Ninguém espera que um pouso suave seja simples no contexto atual”, disse ele na segunda-feira (21). “A política monetária é muitas vezes considerada um instrumento contundente, incapaz de precisão cirúrgica.”

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