Bloomberg — A esperança de um pouso suave da economia dos Estados Unidos está cada vez menor no mercado de renda fixa.
A curva dos títulos do Tesouro americano está prestes a ficar invertida e os investidores reforçaram apostas em cortes na taxa básica de juros já no ano que vem. Eles temem que a série de rápidos aumentos da taxa pelo Federal Reserve provoque uma recessão. O presidente do Fed, Jerome Powell, comunicou que está disposto a agir mais agressivamente para combater a inflação.
“A probabilidade de estabilidade diminui a cada dia”, afirmou a estrategista-chefe global de juros da TD Securities, Priya Misra, em entrevista. “É possível, mas é preciso que a inflação recue logo.”
A curva dos contratos futuros de eurodólar — vista como referência para a direção da taxa básica de juros dos EUA — mostra um pico em junho de 2023 e o equivalente a quase dois cortes de 0,25 ponto percentual até dezembro de 2024. No chamado gráfico de pontos (dot plot) do Fed, a projeção mediana das autoridades é que a taxa chegue perto de 2,8% em 2023 e permaneça estável em 2024.
“Com a fala de autoridades do Fed sinalizando concentração do aperto no início do ciclo, o mercado já diz que o Fed precisará cortar os juros no final de 2023 ou no início de 2024 porque os aumentos de juros causarão tumulto no mercado e/ou recessão”, afirmou o estrategista Charlie McElligott, da Nomura Holdings.
O próprio Powell reconheceu as dificuldades enfrentadas pelo Fed, que retira estímulos para combater a maior inflação em quatro décadas, em um momento em que a guerra na Ucrânia levou o barril de petróleo acima de US$ 100. O comandante do Fed mencionou uma métrica diferente para a curva de juros, que ainda não dá sinais de alerta.
“Ninguém espera que um pouso suave seja simples no contexto atual”, disse ele na segunda-feira (21). “A política monetária é muitas vezes considerada um instrumento contundente, incapaz de precisão cirúrgica.”
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