Participação do agronegócio no PIB é a maior em 17 anos

Setor ganha força na economia do Brasil com resultados positivos do mercado de insumos agropecuários e com os preços elevados das commodities agrícolas

PIB do agronegócio crescer setor ganha ainda mais importância na economia do Brasil
17 de Março, 2022 | 07:27 PM

Bloomberg Línea — A importância do agronegócio dentro da economia do Brasil alcançou no ano passado o seu maior patamar nos últimos 17 anos. O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, incluindo o valor não apenas do setor produtivo, mas também da agroindústria, dos serviços e do segmento de insumos, registrou um crescimento de 8,36% em 2021, passando a representar 27,4% do PIB nacional. Essa é a maior fatia que o setor alcança desde 2004, quando a participação foi de 27,53%.

O levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) mostra que o desempenho do ano passado ficou ligeiramente abaixo do que era esperado. A expectativa era que o setor registrasse um crescimento de 9,37%, o que não ocorreu devido “a inflação medida pelo deflator do PIB brasileiro ter ficado acima das expectativas, o que acabou deteriorando um pouco mais a medida de renda real do agronegócio”.

Grande parte do crescimento do PIB do agronegócio no ano passado pode ser atribuído ao segmento de insumos. O PIB dos insumos teve um crescimento acumulado de 52,63%, resultado do desempenho positivo dos setores de fertilizantes, máquinas agrícolas e nutrição animal. O crescimento não foi maior porque o mercado veterinário em 2021 permaneceu praticamente estável.

Na atividade produtiva, tanto agricultura quanto pecuária apresentaram crescimento. Contudo, o PIB agrícola foi favorecido pela elevação dos preços reais, especialmente das culturas de cana, café, soja e milho. Esse aumento compensou em boa medida as perdas registradas nas lavouras no ano passado e também pelo aumento dos preços dos insumos. Já na pecuária, mesmo com o efeito positivo dos preços da arroba do boi, do frango e dos suínos, esse cenário foi insuficiente para compensar a forte escalada de custos.

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“Os segmentos primário e de insumos mantiveram destaque em 2021, com crescimentos de 17,52% e 52,63%, respectivamente e o PIB também cresceu para os outros dois segmentos, 1,63% para a agroindústria e 2,56% para os agrosserviços. Como visto nos relatórios anteriores, a oposição entre os resultados do ramo agrícola e do ramo pecuário se manteve. Entre 2020 e 2021, o PIB do ramo agrícola cresceu 15,88% e o PIB do ramo pecuário recuou 8,95%”, conclui o Cepea em sua análise.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.