Com guerra e inflação no radar, bolsas têm semana de cautela

Apesar de desempenho positivo na Europa, bolsas do Brasil e dos EUA chegam a cair até 2,2% com aumento de incertezas

Guerra na Ucrânia e alta das commodities pautaram a semana
11 de Março, 2022 | 06:32 PM

Bloomberg Línea — Em mais uma semana de guerra na Ucrânia, de forte volatilidade e com o aumento das preocupações em relação à forte pressão inflacionária, os mercados tiveram um pregão misto nesta sexta-feira (11).

Na Europa, as bolsas fecharam em alta, enquanto nos Estados Unidos a cautela impediu a recuperação dos índices, que fecharam em queda.

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O mesmo aconteceu no Brasil, em que o Ibovespa (IBOV) ampliou as perdas no fim do pregão e fechou em queda de 1,72%, aos 111.713 pontos, com os investidores de olho no aumento dos preços dos combustíveis e de ações do governo para amenizar a alta.

Ontem, a Petrobras (PETR3; PETR4) anunciou um reajuste histórico de cerca de 19% para a gasolina e de 25% para o diesel nas refinarias, que começa a valer a partir desta sexta.

O petróleo voltou a subir nesta sexta-feira no mercado internacional, com valorização da ordem de 3%: o tipo WTI fechou negociado aos US$ 109,33 o barril, enquanto o tipo Brent era negociado na casa dos US$ 112.

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Com as commodities nas alturas, as atenções dos mercados recaem sobre a “super quarta”, na próxima semana, com as decisões do Federal Reserve (nos EUA) e do Banco Central (no Brasil), sobre as taxas de juros nos repectivos países.

Por aqui, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 1,01% em fevereiro, acima da estimativa de 0,95% de analistas consultados pela Bloomberg, e no maior resultado para o mês desde 2015.

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Em relatório, Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, avalia que a inflação está agora não apenas muito alta, mas também altamente disseminada.

Segundo ele, a expectativa é de que o recente aumento dos preços do combustível e do gás de cozinha – bem como o provável choque duradouro nos preços das commodities – intensifiquem a já elevada pressão de curto prazo sobre a inflação.

“O cenário desafiador de inflação atual e um Fomc mais hawkish [favorável a taxas mais altas de juros] exigem uma calibração conservadora da política monetária”, afirma Ramos.

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Os economistas do Banco Inter também veem uma inflação mais persistente ao longo do ano. “Acreditamos ser difícil que o IPCA termine o ano abaixo do topo da meta de 5,0%, com possibilidade de maior contaminação das expectativas para 2023″, escrevem, em relatório divulgado nesta sexta.

Na Bolsa, lideraram os ganhos do Ibovespa nesta sexta as ações de Telefônica Brasil (VIVT3) e Klabin (KLBN11), com ganhos de 1,16% e 1,8%.

Já as maiores baixas partiram de MRV (MRVE3) e Méliuz (CASH3), com baixas de 11,89% e 8,37%, respectivamente.

Confira como fecharam os mercados nesta sexta-feira (11):

  • O Ibovespa (IBOV) teve queda de 1,72%, negociado aos 111.713 pontos. Na semana, o índice acumulou baixa de 2,41%;
  • No mercado de juros futuros, o movimento foi de forte alta: o DI com vencimento em 2025, por exemplo, subiu 36 pontos-base, a 12,58%;
  • O dólar comercial teve alta de 1,11%, aos R$ 5,07. Na semana, a moeda teve leve alta de 0,20%
  • Por volta das 18h10 (horário de Brasília), o Bitcoin (BTC) tinha queda de 6,64%, aos US$ 39.113;
  • Na Europa, as bolsas fecharam em alta nesta sexta. O índice Dax, da Alemanha, subiu 1,59%, enquanto o Stoxx 600 avançou 1,07%;
  • Nos EUA, o índice Dow Jones caiu 0,69%, o S&P 500 recuou 1,30%, enquanto o índice da Nasdaq teve queda de 2,18%;

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.