Wall Street amplia perdas com petróleo acima de US$ 120

Os principais mercados de ações da Europa caíram mais de 20% em relação às altas em meio a temores de um choque inflacionário

Stock market news on a television at the Nasdaq MarketSite in the Times Square neighborhood of New York, U.S., on Thursday, Feb. 24, 2022. Stocks tumbled Thursday while bonds and oil soared as Russian President Vladimir Putin’s decision to order a military attack on Ukraine cast a pall over global markets. Photographer : Amir Hamja/Bloomberg
Por Stephen Kirkland
07 de Março, 2022 | 02:54 PM

Bloomberg — Os mercados de ações dos EUA ampliaram o ritmo de perdas nesta segunda-feira, com os investidores avaliando as perspectivas de um aumento nos preços das commodities sobre as projeções de inflação e crescimento econômico. Os rendimentos dos Treasuries subiram e o dólar teve alta em relação às principais moedas.

O S&P 500 (SPX) teve baixa de mais de 2%, enquanto o Nasdaq 100 (NDX) recuava 2,1%. O petróleo saltou diante da perspectiva de uma proibição dos suprimentos russos, com o petróleo Brent subiu para US$ 139 o barril, antes de ser negociado perto de US$ 120. O gás, o paládio e o cobre europeus atingiram recordes históricos.

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O governo Biden está considerando proibir a importação de petróleo e derivados energéticos russos, uma medida que pode aumentar a pressão econômica à medida que mais empresas se retiram do país em resposta à invasão da Ucrânia por Moscou. Autoridades ucranianas e russas se reunirão novamente para uma terceira rodada de negociações, mas as esperanças de progresso na reunião ainda nesta segunda-feira são baixas, já que o líder russo Vladimir Putin diz que Kiev deve concordar com suas demandas para que os combates terminem.

Commodities de grãos e metais também subiram devido à preocupação com o caos na logística de matérias-primas devido à invasão e sanções à Rússia que estão transformando a potência dos recursos em um pária global. Moedas vinculadas a commodities se fortaleceram.

O euro caiu abaixo da paridade em relação ao franco suíço devido a preocupações sobre as perspectivas econômicas para a Europa, que depende da energia russa. O dólar avançou e o ouro subiu para US$ 2.000 a onça.

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Os investidores compraram opções para se antever que o petróleo poderia subir ainda mais depois de atingir o nível mais alto desde 2008, com alguns até fazendo apostas de que os futuros subirão acima de US$ 200 antes do final de março.

Choque de preços preocupa

A economia global já estava lutando com a alta inflação devido à pandemia. O Federal Reserve e outros bancos centrais importantes agora enfrentam a difícil tarefa de apertar a política monetária para conter o custo de vida sem derrubar a expansão econômica ou agitar ativos de risco.

“Para a economia dos EUA, agora vemos estagflação, com inflação persistentemente mais alta e crescimento econômico menor do que o esperado antes da guerra”, escreveu Ed Yardeni, presidente da Yardeni Research, em nota. “Para investidores em ações, achamos que 2022 continuará sendo um dos anos mais difíceis desse mercado.”

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Na Rússia, Putin assinou um decreto permitindo que o governo e as empresas paguem os credores estrangeiros em rublos, buscando evitar inadimplências enquanto os controles de capital permanecem em vigor. Todas as moedas do leste europeu caíram em relação ao dólar na semana passada, lideradas pelas perdas no rublo.

Mais empresas recuaram em suas operações na Rússia, incluindo a gigante de streaming Netflix Inc. (NFLX) e o serviço de mídia social TikTok, de propriedade da ByteDance Ltd., com sede na China.

Enquanto isso, a China alertou os EUA contra a tentativa de construir o que chamou de uma versão do Pacífico da OTAN, enquanto declarava que as disputas de segurança sobre Taiwan e Ucrânia “não eram comparáveis”.

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O franco suíço, normalmente um refúgio em tempos de estresse, recuou em relação ao dólar depois que um membro do conselho de administração do Banco Nacional Suíço disse que está pronto para intervir para combater o rápido fortalecimento.

Os bancos centrais enfrentam “um choque estagflacionário exógeno sobre o qual não podem fazer muito”, escreveu Silvia Dall’Angelo, economista sênior da Federated Hermes.

Aqui estão alguns eventos importantes desta semana:

  • Evento de novos produtos da Apple, terça-feira;
  • Relatório de estoques de petróleo bruto da EIA, quarta-feira;
  • China: Financiamento agregado, PPI, CPI, oferta de dinheiro, novos empréstimos em yuan, quarta-feira;
  • O presidente do Reserve Bank of Australia, Philip Lowe, fala, quarta e sexta-feira;
  • Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, fala após reunião de política, quinta-feira;
  • EUA: CPI, pedidos de seguro desemprego, quinta-feira;

Alguns dos principais movimentos nos mercados:

Ações

  • O índice S&P 500 (SPX) tinha baixa de 2,2% às 12h50 em Nota York (14h50 em Brasília). Na sexta, o S&P 500 caiu 0,8%;
  • O Nasdaq 100 (NDX) caía 2,1%. O Nasdaq 100 caiu 1,4% na sexta;
  • O índice Dow Jones Industrial Average (INDU) caía 1,9%;
  • O índice STOX 600 caiu 1,1%;
  • O MSCI World recuava 2,1%;

Moedas

  • O Bloomberg Dollar Spot Index (DXY) subia 0,7%;
  • O iene japonês (JPY) recuava 0,5% para 115,38 por dólar;
  • O euro (EUR) caía 0,5% para US$ 1,0868;

Renda fixa

  • O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos subia dois pontos base para 1,75%;
  • O rendimento de 10 anos da Alemanha subia cinco pontos base para -0,01%;

Commodities

  • O petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) subia 2,2% para US$ 118,22 o barril;
  • O ouro era negociado a US$ 1.983,30 a onça, com alta de 0,8%.

(atualizado às 14h54 com cotações mais recentes)

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