Commodities têm maior alta semanal desde 1974 após ataque à usina

Bancos, investidores e armadores estão evitando negócios com a Rússia por conta da insegurança quanto aos pagamentos

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Bloomberg — As commodities estenderam ainda mais o rali enquanto a invasão da Ucrânia pela Rússia continua a chacoalhar os mercados globais e alimentar os temores de cortes de oferta.

As tensões aumentaram na madrugada de sexta-feira depois que a Rússia intensificou sua ofensiva ao atacar uma usina nuclear ucraniana, a maior da Europa, segundo autoridades locais. Do petróleo bruto ao trigo e alumínio, os preços dispararam, com as commodities encenando seu maior aumento semanal desde 1974 e os dias da crise do petróleo, na mesma década.

O crescente isolamento da Rússia está sufocando cada vez mais um importante fornecedor de energia, grãos e metais, provocando temores de escassez prolongada e de uma inflação global ainda mais acentuada. Bancos, investidores e armadores estão evitando negócios com a Rússia por conta da insegurança quanto aos pagamentos, ao passo que as companhias de navegação estão cancelando ou não aceitando reservas da região.

Autoridades ucranianas disseram na madrugada de sexta-feira, no horário local, que a usina de Zaporizhzhia sofreu um incêndio depois que tropas russas começaram a bombardear a instalação no leste da Ucrânia. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden conversou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, logo após os relatos sobre o ataque à usina nuclear, de acordo com um funcionário da Casa Branca.

Petróleo

O petróleo West Texas Intermediate (WTI) saltou quase 5%, ampliando a alta ao longo desta semana. Os compradores globais estão evitando o petróleo e os combustíveis russos, provocando uma corrida por suprimentos alternativos.

A Agência Internacional de Energia alertou que a segurança energética global está ameaçada e uma liberação planejada de reservas de petróleo de emergência pelos EUA e outras grandes economias não conseguiu reprimir as preocupações com o abastecimento. O JPMorgan Chase & Co. (JPM) disse que o petróleo Brent de referência global pode terminar o ano em US$ 185 o barril se a oferta russa continuar a ser interrompida. Os preços estavam em cerca de US$ 114 na sexta-feira.

Metais

Os metais básicos também subiram ainda mais depois que o Índice de Metais LMEX, que acompanha seis grandes contratos, atingiu um recorde na quinta-feira. Os preços crescentes da energia aumentaram o ímpeto, elevando os custos. O alumínio, um dos metais que mais consomem energia, subiu 3,6%, para US$ 3.850 a tonelada na London Metal Exchange, um novo recorde. O cobre também está se aproximando de sua máxima histórica.

Grãos

O trigo atingiu o nível mais alto desde 2008 devido ao aprofundamento dos temores de uma escassez global, já que a guerra na Ucrânia corta cerca de um quarto das exportações mundiais do alimento básico usado em tudo, de pão a biscoitos e macarrão. Os futuros saltaram pelo limite da bolsa em Chicago, subindo 6,6%, para US$ 12,09 por bushel.

Minério de Ferro

Enquanto isso, os futuros de minério de ferro em Singapura caminham para um ganho de 16% nesta semana - o maior em mais de três meses - em meio às crescentes expectativas de uma recuperação na demanda da economia chinesa.

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