Verde Agritech aprova recurso para dobrar fábrica de potássio no Brasil

Prevista para produzir inicialmente 1,2 milhão de toneladas, unidade em construção desde o ano passado poderá atingir 2,4 milhões de toneladas até o fim de 2022

Verde Agritech vai dobrar produção em fábrica que está sendo construída em Minas Gerais
03 de Março, 2022 | 08:31 PM

Bloomberg Línea — A Verde Agritech obteve a aprovação de seu conselho de administração para ampliar os investimentos na fábrica de potássio que está construindo em São Gotardo (MG). As obras tiveram início no ano passado, com orçamento de R$ 22 milhões para uma unidade com capacidade de produzir até 1,2 milhão de toneladas. Com o sinal verde do conselho, a empresa conseguiu R$ 51 milhões adicionais para levar uma fábrica apta para produzir 2,4 milhões de toneladas potássio, um dos insumos fundamentais para produção agrícola no mundo e que ficou ainda mais escasso com a guerra entre Rússia e Ucrânia.

A companhia, listada na bolsa do Canadá, já possui uma fábrica de potássio em operação, também em São Gotardo, com capacidade para 400 mil toneladas. Com a unidade existente e o inicio das atividades da segunda fábrica, a expectativa do grupo é chegar ao fim de 2022 com uma produção total de aproximadamente 3 milhões de toneladas de potássio produzidas por ano. Se confirmado, o volume colocaria a empresa fundada pelo brasileiro Cristiano Veloso como maior produtora nacional.

Veja mais: Falta de fertilizante afeta custos e planejamento da safra no Brasil

Nos últimos 15 anos, a empresa investiu cerca de meio bilhão de reais em pesquisas, desenvolvimento e na construção de uma mina e uma indústria. “Todos estes investimentos são importantes para ampliar a capacidade de produção e reforçar seu posicionamento como uma alternativa sustentável ao agronegócio brasileiro no fornecimento de potássio, devolvendo ao agricultor o controle sobre a lavoura”, afirma Veloso, que também é o CEO da Verde Agritech.

PUBLICIDADE

O potássio é hoje o segundo maior item na pauta de importação brasileira, com 2% do total. O país importa, atualmente, 96,5% de todo potássio que utiliza, sendo que 80% da oferta global do produto vêm do Canadá, Rússia e Bielorrússia, sendo estes dois últimos responsáveis por 46%. Nesta semana, o CEO da Yara Internacional, maior empresa de fertilizantes do mundo, alertou sobre o risco de excluir a Rússia da cadeia de abastecimento insumos. Ele lembrou que, além do potássio, o nitrogênio é fornecido da amônia, produzida a partir do nitrogênio do ar e do gás natural e que, atualmente, 40% do abastecimento de gás europeu é proveniente da Rússia.

Veja mais: Confiança do agronegócio é a menor em quase dois anos

O potássio de São Gotardo é produzido em um sistema diferente do convencional. O processo não utiliza produtos químicos como o cloro, que tradicionalmente produz o cloreto de potássio importado. A tecnologia foi desenvolvida em parceria com a universidade de Cambridge tem como fonte o siltito glauconítico, rocha de cor esverdeada que, embora utilizada há 200 anos nos Estados Unidos, ainda é novidade no Brasil.

Leia também

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.