Jogos Paralímpicos de Inverno proíbem participação de Rússia e Belarus

Decisão se deu em meio a protestos de atletas, um dia depois da votação na ONU que condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia na semana passada

Atletas ameaçaram boicote que poderia ter interrompido os jogos
Por Bloomberg News
03 de Março, 2022 | 12:49 PM

Bloomberg — Autoridades do Comitê Paralímpico Internacional, IPC, reverteram a decisão de permitir que a Rússia e Belarus participassem dos Jogos Paralímpicos de Pequim depois que atletas ameaçaram boicote que poderia ter interrompido os jogos.

A decisão foi uma reviravolta embaraçosa para o IPC, que havia dito menos de um dia antes que permitiria que atletas russos e bielorrussos competissem quando os eventos começarem na sexta-feira (4). Eles seriam obrigados a participar como atletas neutros com cores, bandeiras e outros símbolos nacionais removidos, de acordo com uma declaração anterior.

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“Vários” comitês, equipes e atletas nacionais das Olimpíadas ameaçaram não competir, colocando em risco a viabilidade dos Jogos Paralímpicos de Inverno de Pequim 2022, disse o IPC em comunicado na quinta-feira (3). A “situação” nas vilas de atletas estava se acirrando e garantir a segurança dos atletas se tornou “insustentável”, segundo o IPC.

A decisão veio um dia depois da votação nas Nações Unidas para condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia na semana passada, com grande parte de suas forças chegando da vizinha Belarus. As tensões em torno da Ucrânia ofuscaram os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, com o presidente chinês Xi Jinping recebendo o colega russo Vladimir Putin antes da cerimônia de abertura e declarando que sua parceria “não tinha limites”.

Putin lançou a invasão poucos dias após a cerimônia de encerramento dos jogos.

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“No IPC, acreditamos firmemente que esporte e política não devem se misturar”, disse o presidente do IPC, Andrew Parsons, no comunicado. “No entanto, não por culpa própria, a guerra afetou os jogos e, nos bastidores, muitos governos estão influenciando nosso querido evento.”

Em uma coletiva de imprensa dada no mesmo dia em Pequim após a declaração do IPC, o presidente do Comitê Paralímpico Nacional Ucraniano, Valerii Sushkevych, disse que os atletas enfrentaram grandes dificuldades para chegar à China devido à guerra, e que “o mais fácil” teria sido cancelar a ida aos jogos. A decisão de prosseguir, disse ele, mostra que “a Ucrânia sempre foi, a Ucrânia é, e a Ucrânia sempre será. E é um símbolo de que a Ucrânia está viva e estamos entre a família paralímpica”.

Sushkevych também agradeceu aos atletas de outros países e ao IPC por seu apoio e chamou Pequim de “segunda linha de frente” em sua guerra contra a Rússia.

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– Com a colaboração de Isabella Steger.

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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