Alta predomina nos mercados, apesar de incertezas sobre guerra, juros e inflação

Bolsas europeias e futuros nos EUA, que hoje chegaram cair, se mantêm em alta; Inflação na Europa alcança novo recorde e mercado aguarda depoimento do presidente do Fed

As variáveis que orientarão os mercados
02 de Março, 2022 | 09:09 AM

Barcelona, Espanha — Os mercados financeiros operam à deriva, mas no momento a renda variável se mantém no campo positivo, após situar-se no vermelho no começo da manhã. A volatilidade dita as regras e reflete as preocupações em torno da invasão da Rússia à Ucrânia, da disparada dos preços do petróleo, da inflação galopante e do discurso do presidente do Federal Reserve (Fed).

🔴 A guerra se intensifica. Haverá conversas?

Segundo a Bloomberg, o Kremlin disse que a Rússia estaria pronta para retomar as conversas com a Ucrânia esta noite. Porém, outras notícias deixam antever um recrudescimento da guerra. O Ministério da Defesa da Rússia disse hoje que suas forças haviam tomado a cidade portuária de Kherson, segundo a Interfax. O governo de Kiev não confirmou a informação, mas disse, durante a noite, que as tropas se moviam em direção à cidade ao sul da Ucrânia.

A Rússia avisou que avançaria com suas forças militares até lograr seus objetivos. A guerra entra em uma fase mais brutal. Na segunda maior cidade do país, Kharkiv, o prefeito relatou o bombardeio a áreas residenciais, enquanto o ministro das Relações Exteriores da China advertiu que Pequim está “extremamente preocupado” com os danos aos civis.

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📈 Petróleo, gás e inflação

O petróleo continua com o seu incansável rali. O barril tipo WTI já supera os US$ 110, a cotação mais alta desde 2013, uma reação à ameaça de interrupção do abastecimento russo, um grande player das commodities energéticas. Hoje a OPEP+ tem encontro marcado. A Agência Internacional de Energia alertou que a segurança energética global está sob ameaça após os ataques russos à Ucrânia.

Os futuros de referência para o gás chegaram a subir até 60% esta manhã. Muitas empresas estão desistindo de fechar novos contratos com a russa Gazprom M&T, segundo fontes disseram à Bloomberg.

A escalada dos preços das commodities energéticas fortalece as preocupações em torno da inflação, já em níveis históricos.

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  • O IPC da zona do euro, divulgado esta manhã, decepcionou e alcançou novo recorde. Subiu a 5,8% em fevereiro, comparativamente ao ano anterior. O indicador superou as estimativas de 5,6% e a medição anterior, de 5,1%. Será este um argumento suficientemente forte para que o BCE comece a subir as taxas de juros já neste ano?
  • O Banco Central da Alemanha disse que a inflação do país pode chegar a 5% este ano, já que a guerra da Rússia com a Ucrânia aumentará ainda mais os preços da energia. “A zona do euro também deve registrar uma alta taxa de inflação”, disse o presidente do Bundesbank Joachim Nagel nesta quarta-feira.
🏦 Com a palavra, o Fed

Entre hoje e amanhã, o presidente do Fed Jerome Powell testemunha perante os Comitês da Câmara e do Senado. As atenções estarão 100% voltadas a Powell porque todos querem saber como a guerra influenciará a magnitude de subida dos juros norte-americanos. Este será o último pronunciamento antes da próxima reunião de política monetária, dentro de duas semanas. Logo depois, na próxima semana, os representantes do Fed entrarão em período de silêncio, portanto estas opiniões serão algumas das últimas antes da reunião.

Leia mais: Presidente do Fed procura tranquilizar que vai controlar a inflação

Uma instantânea dos mercadosdfd

🟢 As bolsas ontem: Dow (-1,76%), S&P 500 (-1,55%), Nasdaq (-1,59%), Stoxx 600 (-2,37%), Ibovespa (bolsa fechada por feriado)

Em meio às tensões geradas pela guerra, as bolsas norte-americanas iniciaram o mês de março com perdas. O pico nos preços das commodities renovou as preocupações com a inflação e os próximos passos a serem dados pelo Federal Reserve, que deverá aumentar as taxas de juros em sua reunião de março.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

Europa: Zona do Euro (IPC flash/Fev); Alemanha e Espanha (Taxa de desemprego/Fev); Reino Unido (Índice Nationwide de Preços dos Imóveis)

EUA: Empregos Privados ADP/Fev; o Federal Reserve divulga o seu Livro Bege, Pedidos de Hipotecas MBA (Semanal), Estoques de Petróleo Bruto, Reunião da OPEP, Atividade das refinarias de Petróleo pela EIA

Ásia: Hong Kong e China (PMI Industrial e do Setor de Seviços/Fev)

Bancos Centrais: Decisão de política monetária do Banco do Canadá. Presidente do Fed Jerome Powell faz seu testemunho semestral ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara. Pronunciamentos de Charles Evans e James Bullard (Fed), Luis de Guindos, Philip Lane, Joachim Nagel (BCE) e Silvana Tenreyro (BoE)

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Na América Latina: Brasil (Boletim Focus, Fluxo Cambial Estrangeiro); México (Balanço Fiscal/Jan); Argentina (Receita Tributária)

📌 E para amanhã:

• Europa: Zona do Euro (Índice de Preços ao Produtor/Jan, Taxa de Desemprego)

• EUA: Pedidos semanais de seguro-desemprego, ISM de Serviços/Fev, Pedidos das Fábricas/Jan

• Japão: Taxa de Desemprego/Jan

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• Bancos Centrais: Powell prossegue com seu testemunho semestral perante o Comitê Bancário do Senado. O BCE publica minuta da reunião de fevereiro. Pronunciamentos do governador Tiff Macklem, do Banco do Canadá, de John Williams (Fed)

• Balanços: Broadcom, Costco, Merck

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-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.