Rússia sobe juros, suspende negócios na bolsa e rublo desaba até 30%

O rendimento da dívida de US$ 7 bilhões da Rússia com vencimento em 2047 saltou para 8,3% na segunda-feira, dobrando em relação aos níveis vistos no início de fevereiro

Moscú
Por Bloomberg News
28 de Fevereiro, 2022 | 10:59 AM

Bloomberg — Os mercados russos continuam sobre forte pressão nesta segunda feira após as últimas sanções internacionais abalarem o sistema financeiro do país. O rublo perdeu até um terço de seu valor e atingiu uma cotação mínima histórica de 109 por dólar, embora o valor tenha sido pressionado por causa da baixa liquidez.

No inicio da tarde, a moeda russa tinha reduzido parte das perdas, sendo negociada a 100 rublos por dólar, com baixa de 17%.

O Banco da Rússia subiu os juros de referência e cancelou completamente a negociação com ações na bolsa local nesta segunda-feira.

O banco central mais que dobrou sua taxa básica de juros para 20%, a mais alta em quase duas décadas, e impôs alguns controles sobre o fluxo de capital. Foi parte de uma enxurrada de anúncios que eventualmente restabeleceu alguma calma após uma baixa que derrubou o valor de alguns eurobonds russos na semana passada.

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“O Banco da Rússia será muito flexível no uso de todos os instrumentos necessários”, disse a governadora Elvira Nabiullina em breves comentários televisionados em Moscou.

Perda do grau de investimento

Na sexta, o rating de crédito dos títulos do governo russo foram rebaixados para junk pela S&P Global Rating.

Nesta segunda, os títulos da Rússia tiveram forte baixa e aumento nos rendimentos. O rendimento da dívida de US$ 7 bilhões da Rússia com vencimento em 2047 saltou para 8,3% na segunda-feira, dobrando em relação aos níveis vistos no início de fevereiro.

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Apesar do aumento nos juros locais, os investidores estavam preocupados com o rebaixamento da classificação de crédito do soberano, que perdeu o grau de investimento, além de sanções ao banco central e da exclusão de alguns bancos russos do Swift. As medidas levantam preocupação com a solidez do sistema bancário e o acesso a recursos para financiar a dívida soberana do país.

O custo do seguro da dívida do governo russo, medido pelos CDSs (credit default swap) de cinco anos, disparou em meio a novas penalidades de governos ocidentais que levaram Moscou a tomar medidas drásticas para proteger seu sistema financeiro. Na segunda-feira, os preços dos CDSs que garantem US$ 10 milhões em títulos do país por cinco anos sinalizaram uma probabilidade de inadimplência de 56%, segundo a ICE Data Services.

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