No vermelho, mercados ponderam magnitude do aumento de juros nos EUA

Futuros de índices e bolsas europeias sucumbem à expectativa de aumentos mais pronunciados do custo do dinheiro, depois de dado de inflação nos EUA decepcionar

As variáveis que orientarão os mercados
11 de Fevereiro, 2022 | 09:00 AM

Barcelona, Espanha — A perspectiva de um Federal Reserve (Fed) ainda mais combativo sacode o mercado de renda variável, já que o repique da inflação norte-americana pode chamar aumentos mais significativos dos juros básicos. Tanto as bolsas europeias como os futuros de índices norte-americanos operavam no vermelho nesta manhã.

O índice europeu Stoxx 600 caía mais de 1%, com a tecnologia e as ações imobiliárias liderando o declínio. As montadoras eram o destaque no bom desempenho, alentadas pelos fortes resultados da Mercedes-Benz AG. Ainda assim, o indicador ainda está no caminho para seu primeiro avanço semanal este ano. Os contratos no S&P 500 e Nasdaq 100 recuavam.

Na renda fixa, a venda de títulos soberanos se reduzia, com os prêmios do Tesouro de 10 anos chegando a cair quase três pontos base para oscilar em torno do nível de 2%. O rendimento a dois anos oscilava pouco, após ter saltado para o máximo desde 2009 na quinta-feira. Na Europa, o desempenho dos títulos era misto, com o rendimento do título alemão de 10 anos caindo quase dois pontos base, para 0,267%.

O dólar subia e as moedas mais sensíveis às commodities se depreciavam. A libra esterlina (US$ 1,3568) apagava um declínio depois de notícias de que a economia do Reino Unido se expandiu, no ano passado, no ritmo mais rápido desde a Segunda Guerra Mundial. O euro perdia 0,24%, a US$ 1,1401.

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Os preços do petróleo caminhavam para a primeira queda semanal desde meados de dezembro, com o Irã se aproximando de reviver um acordo nuclear que suspenderia as sanções americanas às exportações de petróleo. Embora os futuros em Nova York tenham ultrapassado US$ 90 o barril nesta sexta-feira (11), eles ainda acumulam queda de cerca de 2% nesta semana. Autoridades dos EUA à Europa indicaram que os lados estão se aproximando de um pacto nuclear depois que as negociações foram retomadas em Viena na terça.

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🦹 Inflação, a vilã

Depois de uma alta maior que os 7,3% esperados pelos analistas – de 7,5% em janeiro na comparação anual, o maior salto desde 1982 – o mercado fortaleceu as apostas em ao menos uma subida de 0,5 ponto percentual durante este ano, provalvelmente já em março. A expectativa geral, agora, é de nas próximas três reuniões o Fed aumente o custo do dinheiro dos EUA em um total de 1 ponto percentual.

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🔥 Lenha na fogueira

Ontem, o próprio presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, corroborou com esta percepção. Ele disse à Bloomberg News que apoia o aumento da taxa de juros em um ponto percentual até o início de julho - incluindo o primeiro aumento de meio ponto desde 2000 - em resposta à inflação mais alta em quatro décadas.

Hoje, o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, fala em um discurso. Também está para sair a minuta de política monetária do Fed, que dissertará sobre a reunião de janeiro, que deixou antever uma mudança no tom do presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, agora muito mais agressivo quando o tema é debelar a inflação.

🧐 Suavizando o discurso

Por outro lado, depois de endurecer seu discurso e reconhecer que a inflação é mais do que uma pressão pontual, hoje a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que uma corrida para subir a principal taxa de juros da instituição não reduziria os níveis historicamente altos da inflação na zona do euro. Esta investida, segundo a dirigente, só prejudicaria a economia, disse em uma entrevista ao veículo alemão Redaktionsnetzwerk Deutschland (RND).

Ao mesmo tempo, o economista-chefe do BCE, Philip Lane, defendeu que a inflação recorde na região pode se suavizar sem a necessidade de uma ação mais dura.

Bolsas no vermelhodfd

🟢 As bolsas ontem: Dow (-1,47%), S&P 500 (-1,81%), Nasdaq (-2,10%), Stoxx 600 (-0,21%), Ibovespa (+0,81%)

Os mercados de ações dos EUA se afundaram depois que Bullard, do Fed de St. Louis, declarou apoio a um aumento de taxas de um ponto percentual até julho. Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA tiveram forte alta. Os comentários de Bullard seguiram dados mostrando que a inflação acelerou para o maior patamar em quatro décadas em janeiro, com o índice de preços ao consumidor atingindo 7,5%, mais do que a estimativa média de 7,3%.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Relatório mensal da AIE, Índice Preliminar da Universidade de Michigan (Fev)

Europa: Alemanha (IPC/Jan); Reino Unido (PIB do 4Tri21, Investimento das Empresas, Produção Industrial/Dez, Balança Comercial)

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Ásia: Japão (Feriado pelo Dia Nacional); China (Crescimento dos Empréstimos)

Bancos centrais: Decisão de política monetária do Banco Central da Rússia; discursos de Frank Elderson e Ignazio Visco (BCE), Thomas Barkin (Fed)

América Latina: Brasil (Índice de Atividade Econômica do Banco Central - IBC-Br); México (Produção Industrial/Dez); Colômbia (Emprego informal/Dez)

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-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.