B3 divulga ranking dos campeões de ESG; Vale e Petrobras estão fora

EDP, Renner, Telefônica, CPFL, Natura, Klabin, Itaú, Ambipar, Suzano e Engie ocupam o top 10 do indicador

B3 mudou metodologia do ISE, que permite agora divulgar rankings setoriais de compromisso das companhias com agenda ESG
28 de Janeiro, 2022 | 11:51 AM
Últimas cotações

São Paulo — A B3 divulgou nesta sexta-feira (28) o ranking das companhias abertas com as melhores notas de ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) no Brasil. É a primeira vez que a Bolsa cria esse tipo de hierarquização, com o objetivo de oferecer ao investidor um melhor entendimento sobre a evolução dos indicadores de sustentabilidade das empresas que compõem o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial). Chama atenção no ranking de 73 companhias a ausência de bluechips como a mineradora Vale, que protagonizou desastres ambientais na última década, e a estatal Petrobras, também alvo constante de críticas de ambientalistas.

O top 10 do ranking traz, na ordem, EDP, Renner, Telefônica, CPFL, Natura, Klabin, Itaú, Ambipar, Suzano e Engie. O banco mais bem posicionado é o Itaú Unibanco na 7ªposição, seguido pelo Bradesco na 12ª e o BTG Pactual na 16ª. A Lojas Quero-Quero está na última colocação na 73ª posição. O ranking foi divulgado nesta manhã em um novo site lançado pela Bolsa (esgworkspace.b3.com.br). É preciso criar um cadastro para ter acesso aos dados.

Veja mais: Brasil simplifica gestão ESG das empresas com ajuda da tecnologia

Em agosto do ano passado, a B3 tinha anunciado que lançaria no começo de 2020 esse ranking, após aprimoramento da metodologia do ISE. Cada vez mais gestoras de recursos atrelam a performance de fundos ao ISE, acompanhando a tendência mundial de valorização das iniciativas de sustentabilidade para a avaliação do resultado de uma companhia. Desenvolvido em 2005, o ISE é pioneiro na América Latina nesse quesito, segundo a B3.

PUBLICIDADE

Para chegar ao ranking, as empresas tiveram de participar de um processo de seleção, a fim de obter pontuação em cada um dos 28 temas que integram as dimensões meio ambiente, governança corporativa e alta gestão, capital humano, capital social e modelo de negócios e inovação. O ranking permite comparação entre diferentes setores e empresas no país, possibilitando ao investidor direcionar, com maior clareza, seus recursos para empresas com as maiores pontuações no tema ESG.

Veja mais: Magalu fecha parceria com WayCarbon para gestão de emissões de gases

Setorialmente, há curiosidades no ranking. Empresas cuja comunicação à imprensa se concentra em temas ESG não necessariamente ocuparam as melhores posições no ranking. É o caso da indústrias de biscoitos e massas M. Dias Branco, que aparece em 33º. No setor de alimentos, a BRF está na frente, na 27ª posição. Entre as drogarias, a Pague Menos nem aparece no ranking, embora sua comunicação pública foque temas sociais. A Raia Drogasil ficou em 35º lugar. No varejo, Renner ficou em 2º lugar, enquanto Americanas aparece em 26º, Via ficou em 48º, à frente de Magazine Luiza (49º).

PUBLICIDADE

No setor de saúde, o grupo Fleury, de medicina diagnóstica, se destacou na 22º posição. A operadora de planos de saúde Hapvida, que teve sua reputação afetada por envolvimento do nome da empresa na CPI da Covid no ano passado, nem aparece no levantamento. Em 66º lugar, está a Notre Dame Intermédica, que conclui uma fusão com a Hapvida no próximo mês. O cálculo do ISE também considera indicadores de reputação das companhias, além de seus relatórios sobre redução de emissões de gases de efeito estudo e práticas ambientais, como gestão de resíduos, economia de recursos naturais, diversidade na composição de pessoal, entre outros aspectos da agenda ESG.

Com a iniciativa, a Bolsa pretende estimular o mundo corporativo brasileiro a profissionalizar sua gestão de ESG e aumentar o interesse das empresas de produzir relatórios científicos para ingressar no ISE, seguindo um movimento mundial de tomada de ações para reduzir problemas históricos, como a degradação ambiental, desigualdades (gênero, etnia, origem, idade etc.) nas empresas e falta de transparências nas práticas e processos.

Confira o ranking do ESG da B3

  1. EDP Energias do Brasil (EBR3)
  2. Lojas Renner (LREN3)
  3. Telefônica Brasil (VIVT3)
  4. CPFL Energia (CPFE3)
  5. Natura (NTCO3)
  6. Klabin (KLBN4)
  7. Itaú Unibanco (ITUB4)
  8. Ambipar (AMBP3)
  9. Suzano (SUZB3)
  10. Engie Brasil (EGIE3)
  11. Copel
  12. Bradesco
  13. TIM
  14. Braskem
  15. Ecorodovias
  16. BTG Pactual
  17. Itaúsa
  18. AES Brasil
  19. CCR
  20. Cosan
  21. Duratex
  22. Fleury
  23. CBD
  24. Neoenergia
  25. Cemig
  26. Americanas
  27. BRF
  28. Vibra
  29. Banco do Brasil
  30. Rumo
  31. Movida
  32. Santander
  33. M. Dias Branco
  34. Marfrig
  35. Raia Drogasil
  36. Cielo
  37. JBS
  38. Sul América
  39. Eletrobrás
  40. Arezzo
  41. CSN
  42. Light
  43. Simpar
  44. Minerva
  45. MRV
  46. WEG
  47. Grendene
  48. Via
  49. Magazine Luiza
  50. Usiminas
  51. CSN Mineração
  52. Azul
  53. Ambev
  54. Iochpe Maxion
  55. Irani
  56. Locamerica
  57. CTEEP
  58. Odontoprev
  59. Guararapes
  60. Vamos
  61. Aliansce Sonae
  62. Gafisa
  63. Cesp
  64. Hypera
  65. Anima
  66. Notre Dame Intermédica
  67. Aeris
  68. Locaweb
  69. Syn Prop e Tech
  70. Grupo Soma
  71. Cury
  72. Positivo
  73. Lojas Quero-Quero

Leia também

Diversidade como ativo: contratar pessoas trans pode aumentar lucro da empresa

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.