Petróleo trilha caminho próprio apesar de vaivém dos mercados

Opep vê estoques globais em seu nível mais baixo em sete anos, ampliando prêmio de risco ao mercado

Bombeo de petróleo
Por Alex Longley
20 de Janeiro, 2022 | 07:09 PM

Bloomberg — Uma queda nos mercados acionários muitas vezes puxa os preços do petróleo para baixo. Não desta vez.

O S&P 500 (SPX) perdeu, neste ano, cerca de 5% de seu valor até agora, já que a política monetária mais apertada retira fluxos de ativos de maior risco. Os contratos futuros de petróleo, no entanto, ficaram imunes à fuga para a segurança, e subiram quase 12%, chegando a quase US$ 90 por barril.

A força do mercado de petróleo reflete os fundamentos. Na quarta-feira, a Agência Internacional de Energia confirmou o que operadores dizem há semanas - que o mercado de petróleo parece mais apertado do que se pensava anteriormente. O órgão disse que a demanda está melhor que o esperado mesmo diante da variante ômicron, e isso foi agravado por uma série de paradas de produção.

“Os desdobramentos do lado da oferta ainda sustentam os preços do petróleo, enquanto as ações anteveem um futuro próximo sombrio”, disse Tamas Varga, analista da corretora PVM Oil Associates. “O crescimento saudável da demanda e a falta de investimento em atividades de exploração e produção nos últimos anos vão empurrar os preços significativamente para cima” no longo prazo.

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Com o petróleo cada vez mais em seu caminho de alta, a atenção do mercado se volta para a ociosidade da capacidade de produção que os países podem disponibilizar se a demanda continuar aquecida. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a Opep, e seus aliados aumentaram a produção em apenas 250.000 barris por dia em dezembro - frente ao aumento planejado de 400.000 barris por dia. A aliança de produtores não conseguiu aumentar a produção como esperado em quatro dos últimos sete meses.

A Opep também vê os estoques globais de petróleo em seu nível mais baixo em sete anos, algo que acrescenta mais prêmio de risco ao mercado. O Goldman Sachs prevê que os preços podem chegar a US$ 100 por barril no terceiro trimestre. O banco diz que os fundamentos robustos das commodities, incluindo petróleo, oferecem uma boa proteção contra uma reavaliação das perspectivas de política macro.

Os preços do petróleo têm uma correlação on-off com os mercados de ações, uma vez que ambos dependem das atitudes dos investidores em relação ao risco e ao vigor econômico. Ao mesmo tempo, o petróleo depende mais das perspectivas de oferta e demanda, enquanto a política monetária e as projeções econômicas sustentam as ações .

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O S&P 500 e os preços do petróleo caíram de fevereiro a março de 2020, quando a ameaça da Covid-19 se tornou visível. Ambos avançaram desde então.

“A precificação de escassez em commodities é criada quando a demanda excede a oferta”, diz o analistas Jeff Currie. “Não tem nada a ver com as taxas de crescimento atuais ou esperadas ou fatores de desconto que são os mais sensíveis a aumentos de taxas.”

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