Vale, CSN e Usiminas alertam sobre barragens por conta de chuva em MG

Empresas confirmam paralisação de atividades em região castigada por tempestades e dizem que monitoram barragens

Tempestades em Minas Gerais causaram múltiplos desastres, como inundações, movimentos de massas, enxurradas e alagamentos em diversas cidades do estado
10 de Janeiro, 2022 | 03:33 PM

São Paulo — As chuvas em Minas Gerais, que castigam cidades do estado com deslizamentos e interdições de rodovias, estão afetando as operações da Usiminas (USIM5) , da Vale (VALE3) e da CSN (CSNA3), levando as companhias a monitorarem riscos em barragens.

A Usiminas paralisou as operações da controlada Mineração Usiminas (Musa), atribuindo às “intensas chuvas na região de Itatiaiuçu, em níveis expressivamente superiores à média histórica”. Já a Vale paralisou parcialmente a circulação de trens na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e produção dos Sistemas Sudeste e Sul, citando que a medida visa “garantir a segurança dos seus empregados e comunidades e em razão do nível elevado de chuvas que atingem Minas Gerais”.

Desde o mês passado, o Brasil registra chuva intensa em estados como Bahia, que teve cidades inundadas, chegando a prejudicar o abastecimento de energia na região.

Após um segundo semestre de 2021 com precipitações abaixo da média histórica, as chuvas ajudam a encher reservatórios após um período de crise energética e testam as deficiências de infraestrutura das principais cidades do país, com o começo da temporada de chuvas na costa brasileira influenciada neste ano pelo fenômeno La Niña (resfriamento anormal das águas do oceano Pacífico).

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Vale e Usiminas sobre as chuvas em Minas Gerais

“As atividades deverão ser retomadas quando as condições climáticas melhorarem e permitirem acesso seguro às minas e o funcionamento adequado de equipamentos, bem como após uma revisão das condições das instalações gerais”, disse a Usiminas, em comunicado sobre a parada da Musa.

A siderúrgica esclareceu que, por ora, a paralisação não deverá afetar o fornecimento de matéria prima para a Usiminas, e que serão utilizados estoques da própria Musa para o fornecimento.

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“Também em razão das fortes chuvas na região, informamos que a Musa acionou neste sábado (8), o nível 1 do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) para sua barragem central, desativada desde 2014″, citou o comunicado.

O nível 1 significa um estado inicial de alerta e não representa comprometimento dos fatores de segurança da barragem, não requer a retirada de moradores das áreas de risco e nem o toque de sirenes, esclareceu a Usiminas.

Barragens da Vale em Minas Gerais

Já a Vale disse que, no Sistema Sudeste, a EFVM foi paralisada no trecho Rio Piracicaba -João Monlevade impedindo o escoamento do material em Brucutu e no complexo de Mariana, que estão com a produção suspensa.

Segundo a mineradora, o trecho Desembargador Drummond -Nova Era também está paralisado, mas em fase de liberação e não afetou a produção do Complexo de Itabira.

“No Sistema Sul, em função da interdição de trechos das rodovias BR-040 e MG-030, da segurança de circulação de empregados/terceiros e da infraestrutura da frente de lavra das minas, a produção de todos os complexos está temporariamente paralisada. A Vale está tomando todas as medidas necessárias para a retomada das atividades, mantendo o foco nos cuidados necessários para garantir a segurança dos empregados e das comunidades localizadas no entorno de suas estruturas”, informou a mineradora.

Segundo a companhia, o Sistema Norte segue operando conforme o plano de produção, que considera o impacto sazonal do período chuvoso em todas as operações e, portanto, a Vale reitera seu guidance de produção de 320-335 Mt para 2022.

“A Vale segue acompanhando o cenário de chuvas em Minas Gerais e monitorando suas barragens, 24 horas por dia, em tempo real, por meio dos Centros de Monitoramento Geotécnicos. Ressalta-se que não houve alteração do nível de emergência em nenhuma de suas estruturas, que são acompanhadas permanentemente por inspeções, manutenções, radares, estações robóticas, câmeras de vídeo e instrumentos, como piezômetros manuais e automáticos”, garantiu a companhia.

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Operações da CSN em Minas Gerais

A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e sua controlada CSN Mineração também suspenderam operações em Minas Gerais. Ontem, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais determinou o envio de uma equipe da Defesa Civil à barragem Casa de Pedra.

“Devido às intensas chuvas registradas na região Sudeste do Brasil nos últimos dias, as operações de extração e movimentação na mina Casa de Pedra foram temporariamente suspensas, com expectativa de retorno das atividades nesses próximos dias”, disse comunicado da companhia, acrescentando que também a operação portuária de carregamento de minério no Terminal de Carvão (Tecar) no porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, está suspensa em virtude do alto grau de umidade verificado no local.

“As companhias tomarão todas as medidas necessárias para a manutenção de sua operação, respeitando os cuidados necessários para garantir a segurança dos empregados e das comunidades, e espera retomada gradual das atividades assim que as condições climáticas permitirem”, dizem a CSN e a CSN Mineração.

(Atualiza às 10h30 com relato sobre mina da CSN)

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.