Mercados em alta com expectativa de que ômicron não é páreo para economia

Bolsas europeias e futuros de índices nos EUA exibem valorização; investidores aguardam dados macroeconômicos para comprovar resiliência da economia

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Barcelona, Espanha — Os mercados encadeiam altas tanto nas bolsas europeias quanto nos negócios com futuros de índices nos Estados Unidos, fortalecidos pela aposta de que os dados da indústria e das vagas de emprego nos EUA mostrarão que a maior economia do mundo é resiliente contra a veloz propagação do ômicron. Os contratos atrelados ao S&P 500 sinalizavam que o índice pode voltar a bater o recorde do fechamento de ontem. Os rendimentos do Tesouro mostravam estabilidade e o dólar se apreciava ligeiramente. Já o europeu Stoxx 600 da Europa recuperava seu nível recorde.

Os investidores estão deixando de lado suas preocupações com a variante do coronavírus, altamente infecciosa, enquanto a economia mostrar que segue seu curso de recuperação. A pesquisa ISM de dezembro nos EUA, com lançamento previsto para hoje, mostrará o impacto inicial da variante nas cadeias de abastecimento, enquanto os dados do JOLTS enunciarão a relação entre vagas de emprego e números de desemprego.

  • Mais de um milhão de pessoas nos EUA foram diagnosticadas com o Covid-19 na segunda-feira. A variante altamente contagiosa fez com que os casos dos EUA atingissem um recorde, o mais alto (por uma ampla margem) que qualquer país já relatou. O número de segunda-feira é quase o dobro do recorde anterior de cerca de 590.000, estabelecido há apenas quatro dias no país, que por si só era o dobro da semana anterior.

Mas o mercado parece querer agarrar-se às boas novas. Hoje, o primeiro dado observado pelos analistas foi o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor manufatureiro chinês, que veio melhor (50,9) que o esperado pelos analistas (50,0). Na leitura de novembro, este indicador havia marcado 49,9 pontos.

Outra informação que injetou otimismo às operações se refere às vendas varejistas na Alemanha, cujo recuo de 0,2% foi bem inferior à queda de 3,1% projetada pelos analistas. Na medição anterior, de novembro, houve queda de 3,3%. Os dados alentam os investidores na medida em que sinalizam que a economia global insiste em avançar, apesar das incertezas com chegada da variante ômicron e dos gargalos nas cadeiras de abastecimento.

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De olho na inflação

Para a semana, a inflação estará sob os holofotes. Serão divulgados os primeiros dados sobre o comportamento dos preços em dezembro em vários países da União Europeia, assim como a estimativa preliminar para a zona do euro.

Em novembro, a inflação medida pelo IPC na zona do euro alcançou o seu nível mais alto desde a criação da moeda única, que este ano comemora seus 20 anos de implantação. A alta dos preços na região superou a previsão de 4,9%, mas a expectativa é de que, ao longo de 2022, quando o repique dos preços de energia desaparecer da comparação anual, a inflação volte a se situar dentro da meta do Banco Central Europeu (BCE).

Outro importante dado para o mercado financeiro é o relatório de dezembro sobre o emprego nos Estados Unidos. Espera-se que este indicador se mantenha na casa dos 4,2%, mas como a pesquisa se centra na primeira parte do mês, pode ser que não reflita plenamente os efeitos da variante ômicron sobre as contratações.

Na agenda

  • Vendas varejistas na Alemanha e desemprego, hoje (4)
  • IPC França- Índice PMI do Reino Unido
  • Índice de novos pedidos (ISM) manufatureiro dos EUA
  • Ofertas de emprego JOLTS dos EUA (novembro)

Quarta, 5

  • Atas da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed)
  • PMIs de serviços e composto de dezembro de países como Índia, Itália, França, Alemanha, Brasil e EUA
  • Atividade das refinarias de petróleo divulgada pela EIA

Quinta, 6

  • James Bullard, membro do Fed, fala em uma palestra sobre política monetária
  • PMIs de serviços e composto de dezembro do Japão e Reino Unido de dezembro
  • Inflação ao consumidor (dezembro) e ao produtor (novembro) na zona euro
  • EUA: balança comercial (novembro), pedidos às fábricas, pedidos finais de bens duráveis (novembro), pedidos iniciais de seguro-desemprego

Sexta, 7

  • Outro membro do Fed, Mary Daly, discursa em um evento
  • Produção industrial na Alemanha e na França, IPC flash de dezembro na zona euro, vendas ao varejo na zona do euro (novembro)
  • Taxa de desemprego nos EUA, salário médio por hora, crédito ao consumo (novembro) norte-americano

Sábado, 8

  • Isabel Schnabel, do conselho executivo do BCE, participa de um evento

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-- Com informações de Bloomberg News