Coreia do Sul rompe com EUA em boicote às Olimpíadas de Pequim

Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, disse que seu governo “não estava considerando” o boicote

Esforços construtivos da China são necessários para a desnuclearização da Coreia do Norte
Por Jeong-Ho Lee
13 de Dezembro, 2021 | 10:59 AM

Bloomberg — Diferentemente de seu aliado, os Estados Unidos, a Coreia do Sul não se juntará ao boicote diplomático liderado pelos EUA às Olimpíadas de Inverno de Pequim, mencionando a necessidade da ajuda da China na desnuclearização da Península Coreana.

O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, disse na segunda-feira (13), durante uma visita à Austrália, que seu governo “não estava considerando” o boicote. O país não “recebeu nenhum pedido de qualquer país, incluindo os EUA, para participar”, disse ele. A China deu as boas-vindas à mudança de postura, por parte de Moon, recebendo-a como amostra de um espírito de amizade.

O boicote diplomático anunciado pelo governo Biden na semana passada gerou um certo mal-estar entre os EUA e alguns de seus aliados, com Pequim alertando que os países que aderissem ao boicote “pagariam um preço por seus movimentos errados”. No entanto, Austrália, Canadá e Reino Unido estão se unindo para protestar contra o que eles chamam de abusos dos direitos humanos por parte da China. Todos os países participantes do boicote diplomático permitirão que seus atletas participem.

Veja mais: Mais países aderem ao boicote diplomático às Olimpíadas de Pequim

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A França, que sediará os Jogos Olímpicos de Verão em Paris em 2024, não participará, e o presidente Emmanuel Macron disse à BBC na semana passada que esse movimento seria meramente simbólico. O Japão, que tem os EUA como seu único aliado militar e depende da China como seu maior parceiro comercial, não se comprometeu. Tóquio pretende enviar uma delegação de baixo escalão e evitar um envio de ministros, noticiou o jornal Yomiuri, no fim de semana.

A China desempenha um papel crucial na Península Coreana como o maior parceiro comercial de Seul e é um ator importante em Pyongyang. Moon fez da reconciliação com a Coreia do Norte um de seus principais objetivos políticos e, se ele quiser avançar nesse sentido antes do término de seu mandato no próximo ano, provavelmente precisará da ajuda de Pequim.

“Claramente, nossas relações com a China têm alguns aspectos conflitantes e concorrentes,” Moon falou a repórteres em Canberra, após sua reunião com o Primeiro Ministro Scott Morrison. Mas os “esforços construtivos” da China são necessários para a desnuclearização da Coreia do Norte e para a “paz e estabilidade na Península Coreana”, disse Moon em uma coletiva de imprensa.

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O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, disse na segunda-feira (13) que aprecia as muitas vezes que a Coréia do Sul disse que apoiava a China como anfitriã dos jogos, acrescentando que as duas nações estão em estreita comunicação sobre questões relacionadas à península.

“Estamos dispostos a trabalhar com o lado sul-coreano para promover um acordo político para a questão da península e fazer contribuições positivas para a paz e estabilidade de longo prazo da península”, disse ele em uma coletiva de imprensa regular em Pequim.

Moon usou o fato de seu país ter sido anfitrião das Olimpíadas de Pyeongchang, em 2018, para contribuir com o renascimento das relações diplomáticas com a Coreia do Norte, e relatos da Yonhap News Agency e outros meios de comunicação locais indicam que ele tem a expectativa de usar os Jogos de Pequim para levar a cabo seus planos de pôr fim oficialmente no conflito da Coréia. Mas a Coreia do Norte foi impedida pelo Conselho Executivo do Comitê Olímpico Internacional de participar, depois que Pyongyang se retirou das Olimpíadas de Tóquio, no início deste ano, citando as preocupações relacionadas à Covid.

As negociações para diminuir o arsenal nuclear de Kim Jong Un foram paralisadas por quase dois anos, com Pyongyang mostrando pouco interesse em retornar à mesa. A Coreia do Norte, por sua vez, tem se mantido silenciosa sobre as Olimpíadas, mencionando-as pela última vez em sua mídia oficial em julho, em um relatório que enfocou uma disputa territorial de longa data com o Japão, e não mencionou sua participação em quaisquer jogos futuros.

Com a colaboração de Jason Scott e Philip Glamann.

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