Mercados dividem atenção entre galope inflacionário e contágios por ômicron

Bolsas europeias recuam, puxadas por ações de tecnologia; ao mesmo tempo, futuros de índices sobem em Wall Street, com investidores no aguardo de inflação ao consumidor nos EUA

As variáveis que orientarão os mercados internacionais
10 de Dezembro, 2021 | 08:30 AM

Barcelona, Espanha — A inflação dividirá com a variante ômicron o protagonismo na jornada de hoje do mercado financeiro. As atenções estarão voltadas à divulgação do índice de preços ao consumidor (IPC) dos Estados Unidos. Brasil e Alemanha também apresentam hoje o comportamento de seus preços ao consumidor final.

O dado será chave para que os operadores presumam qual será o ritmo do Federal Reserve (Fed) na redução de seu programa de estímulos monetários e até mesmo se levará em conta uma alta dos juros. Os analistas esperam uma inflação de quase 7% nos EUA, o que representaria o ritmo anual mais acelerado desde 1982. O núcleo previsto para a inflação deveria situar-se em 5,1%, segundo projeções de economistas, traduzindo-se no nível mais alto desde 1990.

Há pouco, as bolsas europeias apresentavam queda, com os investidores colocando na balança o peso sobre a atividade econômica das novas restrições de mobilidade para a contenção do vírus. Em baixa pelo terceiro dia consecutivo, as ações de tecnologia puxavam para baixo o índice europeu Stoxx 600, embora o recuo tenha diminuído desde a abertura dos negócios. Em Nova York, os contratos futuros de índices em Nova York trilhavam rumo contrário com ligeira valorização.

O dólar se apreciava em reação ao informe sobre pedidos de seguro desemprego divulgado ontem nos EUA. A busca pelo benefício caiu ao nível mais baixo desde 1969, embora parte desta queda seja explicada por questões sazonais. Os prêmios dos títulos do Tesouro norte-americano e o petróleo também subiam.

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  • Os pedidos iniciais de seguro-desemprego totalizaram 184 mil na semana que se encerrou em 4 de dezembro, uma queda de 43 mil em relação ao período anterior, segundo dados do Departamento do Trabalho, divulgados ontem. A estimativa média em uma pesquisa da Bloomberg com economistas previa 220 mil.

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Uma instantânea dos principais mercadosdfd

Inflação galopante x ômicron

A divulgação do IPC ganha ainda mais importância porque na próxima quarta-feira (15) o banco central norte-americano se reúne para decidir os próximos passos na política monetária do país. No dia seguinte arbitram sobre suas taxas de juros o Banco Central Europeu (BCE), o Bank of England (BoE) e o Bank of Japan (BoJ).

🏦 Na semana passada, o presidente do Fed, Jerome Powell, surpreendeu o mercado a mudar radicalmente o seu discurso. Ele não só deixou de lado o adjetivo “transitório” para se referir à escalada dos preços, como também enunciou que a inflação elevada pode justificar o fim das compras de ativos do banco central antes do planejado no próximo ano.

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🦠 Porém, o panorama econômico voltou a ficar nebuloso com a chegada da variante ômicron do coronavírus. As restrições à mobilidade impostas por vários países para conter o contágio geram dúvidas de como reagirão as economias, que começavam a se recuperar do golpe da pandemia.

Na agenda

No Brasil:

  • IPCA

No exterior:

  • IPC (novembro) dos EUA
  • IPC final (novembro) da Alemanha
  • Produção industrial (outubro) da Itália
  • Produção industrial e balança comercial (outubro) do Reino Unido

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-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.