Governo Biden tenta minimizar prováveis números estelares de inflação

Custos do consumidor têm pesado no índice de aprovação do presidente americano e representam um risco político significativo para os democratas

Popularidade do presidente Joe Biden sofreu com o aumento dos receios com a economia americana nos últimos meses
Por Justin Sink e Josh Wingrove
09 de Dezembro, 2021 | 07:13 PM

Bloomberg — O conselheiro econômico da Casa Branca, Brian Deese, disse que o relatório de inflação de novembro não levará em conta as quedas recentes no custo da energia e das commodities, um esforço do governo Biden para minimizar os dados que certamente mostrarão um aumento nos preços ao consumidor.

Deese disse que o relatório do Índice de Preços ao Consumidor, a ser divulgado nesta sexta-feira (9) é “retrospectivo” e não irá capturar “movimentos recentes de preços” nos preços da gasolina e do gás natural, bem como quedas nos custos de transporte e commodities.

“Essas quedas estão proporcionando alguns benefícios aos consumidores que não serão refletidos nesses dados”, disse Deese a repórteres na Casa Branca na quinta (8).

Os comentários - antes da divulgação do relatório - ressaltaram a preocupação do governo de que os custos do consumidor estão pesando no índice de aprovação do presidente e representam um risco político significativo para os democratas nas eleições de meio de mandato do próximo ano.

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O indicador IPC, amplamente acompanhado pelo mercado, deve ter subido 6,7% em novembro de 2020, de acordo com a projeção mediana de uma pesquisa da Bloomberg com economistas. Em comparação com o mês anterior, os preços devem subir 0,7%. Essa seria a taxa mais alta desde o início dos anos 1980.

A popularidade do presidente Joe Biden sofreu com o aumento dos receios com a economia americana nos últimos meses, com apenas 40% dos americanos aprovando o mandato, segundo uma pesquisa da Universidade de Monmouth divulgada na quarta. Cerca de três em cada dez americanos disseram que as contas do dia a dia ou a inflação são a maior preocupação que suas famílias enfrentam, mais do que outras questões, incluindo a pandemia.

Veja mais: Captações de emergentes devem recuar após salto na pandemia

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Deese disse na quinta-feira que a inflação deve ter subido para “o nível que atinge famílias americanas e seus bolsos”. Mas a Casa Branca argumentou que o quadro financeiro geral dos americanos está melhorando.

Deese disse na quinta que a renda familiar de uma família americana típica é mais alta, mesmo contabilizando a inflação, graças a novos créditos fiscais e ao aumento dos salários. A inflação pode diminuir à medida que os gargalos de oferta melhoram e os pontos de pressão diminuam, disse ele. E os relatórios do IPC são medidos ano a ano, o que significa que os aumentos são relativos aos preços no auge da pandemia, quando muitos americanos haviam diminuído os gastos.

“As estimativas de consenso de especialistas externos continuam a prever que os aumentos de preços serão moderados em 2022″, disse Deese.

Ainda assim, Deese reconheceu o risco de “que os aumentos de preços se consolidem no longo prazo” e se recusou a prever se a inflação atingiria um pico no relatório de novembro.

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