Blockchain eleva inclusão da agricultura familiar

Contratos inteligentes e moedas digitais trazem pequeno produtor para o mercado de crédito, a conectividade e a tecnologia

Bianca Ticiana (foto), da Culte: tokens gerados na Blockchain permitem a compra antecipada da produção do pequeno agricultor
Tempo de leitura: 2 minutos

Por Matheus Mans para Mercado Bitcoin

Empreendedora no ramo agrícola no estado do Maranhão há pouco mais de 15 anos, Bianca Ticiana encontrou na tecnologia Blockchain a solução para resolver problemas de pequenos produtores rurais, voltados à agricultura familiar, como a dificuldade de acesso a crédito ou a baixa conectividade no campo, entre outros.

Em 2017, Bianca cofundou a Culte, startup que aproximou o pequeno agricultor da rede descentralizada. Primeiro, desenvolveu um marketplace reunindo agricultores, distribuidores de insumos, fornecedores de tecnologia e um canal de acesso a crédito, por meio de uma conta digital, conectado a instituições financeiras conveniadas à Culte.

A principal revolução do negócio, no entanto, veio com a criação da Cultecoin, uma utility token, moeda digital usada para acesso a um serviço ou produto e não para investimento financeiro como as criptomoedas tradicionais.

“A Cultecoin veio, primeiramente, para que os fornecedores parceiros pudessem oferecer cashback aos produtores rurais, que, assim, utilizariam os tokens no pagamento de taxas ou fariam compras dentro do marketplace”, explica Bianca.

Em um segundo momento, no entanto, diz a empreendedora, “os tokens permitem a compra antecipada da produção de agricultores familiares, que não precisam recorrer a financiamentos bancários para conseguir recursos”.

Com a tecnologia Blockchain, os smart contracts, também conhecidos como contratos inteligentes, que são autoexecutáveis e não podem ser alterados após celebrados no ambiente descentralizado, deverão trazer mudanças significativas na forma como os produtores compram seus insumos e vendem sua produção.

Os contratos inteligentes oferecem a segurança de que o comprador pagará diretamente financiadores, fornecedores, transportadores e o próprio produtor. Esse modelo de documento não apenas melhora a oferta de crédito ao pequeno agricultor, mas eleva a qualidade dos produtos ofertados no ambiente da rede.

Isso porque, ao ofertar sua produção em um espaço virtual com vários participantes, o cuidado do produtor com o cumprimento dos prazos e com os produtos oferecidos estarão sendo ‘fiscalizados” de perto por toda a cadeia produtiva ali presente.

“Visualizamos como uma oportunidade de trazer maior segurança, otimizar processos, reduzir barreiras, físicas e financeiras, não só no agro, mas em diversos segmentos do mercado que irão impactar em toda a cadeia produtiva do agronegócio”, continua Bianca. “[Teremos] automatização de processos, tanto produtivos quanto de pagamentos. Outro benefício é que o agricultor produz já com a comercialização garantida”.

Desafios e futuro

Apesar das maiores oportunidades oferecidas pelo projeto ao pequeno produtor, Bianca, pioneira no Brasil no uso da Blockchain na agricultura familiar, chama a atenção para os obstáculos que ainda precisam ser vencidos.

“Assim como toda nova tecnologia, é necessário tempo para criar aplicações e melhorar sua usabilidade. [Há também] escassez de mão de obra qualificada para desenvolver aplicações voltadas à tecnologia. E temos o problema da baixa conectividade no campo, que esperamos seja resolvido com a tecnologia 5G, além da falta de leis e regulamentações claras”.

A despeito dos empecilhos, não falta empolgação: “A agricultura familiar será beneficiada com a redução de custos para tomada de crédito, pelo registro de documentos em menor tempo e com maior segurança, além da rastreabilidade da produção, que agrega mais valor aos produtos. É um passo importante para a abertura dos mercados interno e externo a esse segmento”.

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