Bloomberg Línea — Com a recente baixa na bolsa brasileira e recordes sucessivos nos mercados americanos, o brasileiro mais avesso ao risco local despertou para a possibilidade de investir nos mercados globais e de se beneficiar da recuperação econômica internacional no pós-Covid. Mas além da barreira de abrir uma conta no exterior, há ainda dificuldades para entender as regras de um mercado de investimentos mais maduro, fortemente regulado e com implicações tributárias relevantes.
De olho nesse público, a corretora americana Avenue abriu a sua própria plataforma de educação financeira para ensinar o básico sobre o funcionamento dos investimentos nos EUA, além de criar um canal para tirar dúvidas sobre questões práticas como declaração de Imposto de Renda no Brasil para quem mantém aplicações no exterior.
“Temos aqui mais de 200 milhões de desbancarizados internacionais e queremos ser a conta no exterior de todo esse público”, disse Roberto Lee, CEO e fundador da Avenue, corretora de Miami voltada para o público brasileiro.
Na plataforma, chamada Avenue Academy, haverá aulas em português sobre como funciona um IPO nos EUA, regras sobre divulgação de informações de empresas listadas, além de tributação americana, macroeconomia local e análise fundamentalista de corporações, entre outras questões que mais suscitam dúvidas dos brasileiros em relação a investimentos no exterior.
Segundo William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue e responsável pela vertical de educação financeira, o brasileiro sabe que existem diversas possibilidades de investimentos fora do país, mas ainda tem dúvidas sobre como explorar as possibilidades de um mercado muito maior e diferente do que está acostumado. “Uma das propostas do serviço é apresentar o mercado de investimentos no exterior de forma completa, mesmo que sejam ativos não correlacionados ao que hoje a Avenue Securities disponibiliza para os clientes atualmente”, disse Alves.
Entre os professores, estão profissionais como Carlos Ambrosio, presidente da Anbima (Associação das entidades do mercado de capitais e de investimentos) e sócio da gestora Claritas, além de Alexandre Artmann e Daniel Haddad, que fazem parte do board da Avenue. O acesso à plataforma será mediante assinatura mensal de R$ 59,90.
Para Lee, que liderou no Brasil a corretora Clear e foi sócio da XP, a ideia é que a plataforma de educação financeira não seja um braço de geração de receitas, mas uma ferramenta para ajudar o brasileiro na jornada de diversificação de investimentos com ativos no exterior.
Segundo a Avenue, a plataforma de educação financeira já conta com cerca de 2 mil inscritos na fila de espera para assinar o serviço e a meta é contar com 10 mil alunos até o fim de 2022.
A Avenue afirma que tem mais de 300 mil clientes e US$ 1 bilhão sob custódia em investimentos distribuidos entre ações americanas, ADRs, ETFs e REITs. Entre os serviços prestados aos clientes, estão a conversão de moeda integrada às aplicações, abertura de conta gratuita, atendimento em português e ferramentas de cálculos tributários. A operação da corretora é feita por uma equipe de cerca de 300 pessoas.
Em agosto, a Avenue recebeu um aporte de R$ 150 milhões liderado pelo Softbank e que teve participação da Igah Ventures, que já tinha investido na corretora. À época, a corretora afirmou que usaria os recursos para investir em tecnologia, equipe e na diversificação de portfólio de investimentos oferecidos aos clientes. A Avenue tem como meta chegar a 1 milhão de clientes até o final de 2022.
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