Como é visitar Miami agora?

O sul da Flórida está movimentado como sempre. A cidade repleta de espaço e atrações ao ar livre é “a cidade mais badalada do mundo no momento”

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Bloomberg — Se a maioria das cidades ficou assustadoramente silenciosa durante o auge da pandemia, Miami, uma meca global por causa de seus dias de praia ensolarados e noites de festa encharcadas de bebida, foi exatamente o oposto. Pessoas vieram de todos os cantos para se aglomerar aqui. A certa altura, o Aeroporto Internacional de Miami ultrapassou o JFK, em Nova York, e o LAX, em Los Angeles, tornando-se o aeroporto internacional mais movimentado do país.

Em parte, porque é uma boa cidade para se estar se o que restou da sua vida social foi estar ao ar livre. Mas os turistas que queriam aproveitar o feriadão da semana santa, executivos de tecnologia egressos do vale do silício, e residentes de estados mais frios, cansados do gelo e da neve durante a pandemia também foram atraídos por um estado de laissez-faire, que manteve as restrições relaxadas com um governo local oportunista, que encorajou trabalhadores remotos a migrar para o sul.

Embora o governador da Flórida, Ron DeSantis, tenha sido uma das vozes do país que se posicionou com maior relutância contra as medidas sanitárias - ele proibiu os passaportes de vacinas e a obrigação do uso de máscaras nas escolas, mesmo diante de picos brutais da doença em todo o estado - não significa que a cidade tenha se tornado terra de ninguém.

Muitos moradores tomam precauções ao usar máscaras em ambientes fechados e ao ar livre, e os dados de mobilidade do Google mostram que os residentes do condado de Miami-Dade continuam mantendo seu raio de atividades diárias significativamente mais restrito do que a média dos Estados Unidos. E com 85% da população elegível totalmente inoculada, é também um dos condados metropolitanos mais vacinados do país.

O sul da Flórida está movimentado como sempre. Os fugitivos do inverno, que normalmente migram para o sul para escapar das temperaturas geladas do nordeste do país não desapareceram neste verão, como já aconteceu no passado, e as ruas estão movimentadíssimas. Dados do Convention and Visitors Bureau da Grande Miami mostram que a atividade hoteleira e gastronômica se recuperou, voltando a níveis pré-pandêmicos.

As chegadas de visitantes europeus também devem ser retomadas em novembro, o que significa que a cidade está prestes a ficar muito mais cheia, especialmente com o Art Basel Miami Beach agendado para 2 a 4 de dezembro.

A cena gastronômica

Miami testemunhou o início de uma era de ouro dos restaurantes no ano passado. Restaurantes famosos de Nova York, incluindo Carbone, Cote e Red Rooster, abriram franquias na cidade, e os moradores, antes não acostumados com reservas competitivas, agora reclamam que pode ser difícil encontrar uma mesa em qualquer lugar. A boa notícia, porém, é que quase todos os restaurantes terão algum tipo de espaço ao ar livre, mesmo com a área interna totalmente restaurada.

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“Miami é a cidade mais badalada do mundo no momento”, diz Mathieu Massa, diretor executivo do grupo Mr. Hospitality, responsável pela operação de alguns dos famosos points da cidade, como o Marion, El Tucán e Bâoli. Os negócios em muitas de suas propriedades com entretenimento ao vivo, diz ele, aumentaram em 25% a 30% em relação aos níveis pré-pandêmicos.

Miami abocanhou uma boa fatia do mercado enquanto “não estava acontecendo muita coisa em Nova York”, ele continua, apontando para a chegada do clube Delilah, de Los Angeles, e do Sexy Fish, de Londres, que deve contar com a presença de 10 obras de Damien Hirst e um lustre de peixe desenhado por Frank Gehry, em seu espaço no bairro de Brickell.

Ao contrário de destinos rivais como Dubai ou Mykonos, Miami, diz ele, está atraindo novos projetos porque agora é um centro cultural que tem movimento o ano todo, não é mais sazonal. Massa está investindo em uma reforma de US$ 30 milhões no histórico Paris Theatre, de Miami Beach, que será reaberto em abril, com um restaurante sofisticado e local de entretenimento com cozinha aberta, DJ e trapezistas.

South Beach, o Design District e o distrito das artes de Wynwood têm muitas novas opções, que estão devolvendo a magia à Magic City. Cerveceria La Tropical, a cervejaria mais antiga de Cuba e agora a mais jovem de Miami, serve combinações de cerveja, apresentando, entre outras, a Tropilina Double IPA e a Gumbo Limbo Helles Lager, em um jardim com árvores de 10 metros de altura e um bar ao ar livre dentro de uma gaiola gigante, que deve se tornar icônico instantaneamente.

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O Strawberry Moon de Pharrell Williams é um clube com piscinas, no Goodtime Hotel, que também é um restaurante mediterrâneo e um lugar ideal para exibir seu biquíni rosa mais chique. Em Wynwood, o Oasis tem mais de 10.000 m² de espaço ao ar livre repleto de orquídeas, com um palco para música ao vivo, que é rodeado por contêineres reformados onde se vendem carnitas de porco, pizza siciliana e sanduíches de frango frito.

A cultura está de volta

Uma infinidade de novos locais de entretenimento foram abertos durante a pandemia, mas as amplas praias, canais e parques de Miami ainda reinam soberanos.

Se você ainda está preocupado com a Covid: os moradores de Miami entraram na água no auge da pandemia e esta ainda é a melhor maneira de passar um fim de semana ensolarado e relaxado. Dá para alugar caiaques e pranchas de SUP, no Miami Beach Paddleboard, ao lado de Venetian Bay, ou sair a partir de um novo cais público, no Maurice Gibb Memorial Park, em Sunset Harbor, que fica bem próximo. De lá, dá para remar pelos canais das Ilhas Sunset ou ter a impressão que se está em um lugar muito mais remoto entre as palmeiras e cocos caídos que se alinham na minúscula Ilha Flagler Memorial.

Se remar não for a sua praia, dá para ter uma experiência bem tipicamente Miami alugando um barco por um dia para passear pelo rio Miami e a baía de Biscayne. Para ver e ser visto em um cenário glamouroso ao ar livre, pare para um almoço tardio no Kiki On The River ou The Wharf.

Para um passeio de manhã cedo ou ao cair da noite, confira o The Underline, um novo “parque linear” de 16 km, que começa no coração da movimentada Brickell, abaixo dos trilhos do Metrorail, e possui quadras de basquete ao ar livre, academias e mesas de pingue-pongue em uma área de caminhada com plantas nativas e rocha calcária exposta. O Brickell City Center, com seu shopping center ao ar livre e restaurantes, fica nas proximidades.

Se você prefere ir com calma: a cidade está repleta de locais de entretenimento ao ar livre onde se pode jantar e assistir a um show. O aplicativo e o site do Fever decolaram durante a pandemia, oferecendo eventos ao ar livre, incluindo uma série de concertos à luz de velas. O Palapa, em Upper Buena Vista, perto do Design District, é palco de muitos desses eventos sob seu enorme telhado de palha. Ironside, um centro de uso misto, localizado no Upper East Side de Miami, tem lojas de designers locais, estúdios de arte, galerias e um restaurante.

Grande parte da cena artística de vanguarda de Miami mudou para a parte norte de Wynwood, em Little River e Little Haiti, onde vastos espaços ao ar livre serviram de refúgio na pandemia. O Center for Subtropical Affairs acolhe um mercado de plantas, festivais e noites de jazz sob as estrelas em seus extensos jardins. O Space Park oferece aulas de ioga durante o dia antes dos DJs assumirem o controle, tocando para quem quer dançar ou apenas relaxar nas redes. Bem ao lado, Heartland é um local mais descontraído para assistir a uma banda de blues tocando ao vivo.

Para os fãs de museus, o Perez Art Museum continua sendo um marco de Miami. A sua exposição de arte internacional africana e da diáspora africana está em exibição até fevereiro. O museu ainda exige a reserva de ingressos com horário marcado para garantir algum distanciamento social. O Rubell Museum reabriu duas Infinity Rooms de Yayoi Kusama, que transportam os visitantes para um “universo alternativo e ilimitado”, além de um “Narcissus Garden” cheio de esferas espelhadas de aço inoxidável, em exibição até dezembro.

Se você está disposto a voltar a normalidade: vá a um show musical ou de comédia, no histórico Fillmore, em Miami Beach, onde Chelsea Handler vai subir ao palco, em 28 de outubro, e a banda mexicana de rock, Café Tacvba, se apresentará em 13 de novembro. O público é obrigado a trazer o comprovante impresso de vacinação completa ou um teste de Covid-19 negativo obtido em até 72 horas antes do evento. Shows maiores também estão chegando, e a programação da arena FTX no centro da cidade está começando a ficar cheia novamente. As próximas atrações incluem Dua Lipa, the Weeknd e Elton John.

Menos efêmero é o Faena Hotel em Miami Beach, onde qualquer noite pode começar com um jantar ao estilo argentino de costela wagyu ou pargo vermelho local assado em fogo aberto, em seu restaurante Los Fuegos. The Living Room, também no mesmo hotel, oferece música ao vivo e DJs em quase todas as noites da semana, enquanto o Faena Theatre é atualmente o lar de um show de cabaré envolvente com cenas calientes de cirque nouveau todas as quintas, sextas e sábados à noite.

Como transitar pela cidade

A única coisa pior do que o trânsito de Miami é estacionar em Miami. Uber e Lyft, no entanto, estão prontamente disponíveis a preços razoáveis. Se você preferir se locomover ao ar livre, há a nova Poseidon Ferry, que oferece passeios panorâmicos de 30 minutos entre o centro da cidade e South Beach, margeando Miami River e Biscayne Bay. A rede Citi Bike também é extensa e as scooters estão prontamente disponíveis na maioria dos distritos comerciais e turísticos. (Lembre-se de hidratar!)

A etiqueta em tempos de Covid

Embora não haja uma exigência de uso de máscara para toda a cidade, não é incomum ver pessoas usando máscaras em ambientes fechados e ao ar livre. E embora muitos edifícios de escritórios e condomínios façam essa exigência, não é incomum ver pessoas desrespeitando essas regras. As pessoas geralmente fazem o que lhes apetece.

Isso também se aplica a saudações e cumprimentos. Apertos de mão, cotoveladas ou um beijo latino-americano na bochecha: você verá de tudo. A boa notícia é que não é mais considerado rude simplesmente sorrir e acenar com a cabeça para dar um oi.

Agora, mais do que nunca, Miami é uma cidade onde vale tudo. Ainda bem que há muito espaço aberto e céu para todos.

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