Mineradoras de criptomoedas buscam alternativa sustentável em vulcões e na energia nuclear

Empresas passam a usar energia renovável para diminuir pegada de carbono resultante da mineração das moedas digitais

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Por Matheus Mans para Mercado Bitcoin

São Paulo – Em 1º de outubro, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, publicou um tuíte histórico para o mercado de criptomoedas. Por meio da empresa de eletricidade geotérmica estatal LaGeo, o governo extraiu um Bitcoin usando energia vulcânica. Foi o primeiro passo sustentável de El Salvador, que adotou o Bitcoin como moeda legal.

“Ainda estamos testando e instalando, mas este é oficialmente o primeiro Bitcoin [extraído com energia de vulcão]”, disse o presidente caribenho em sua conta oficial do Twitter. Anteriormente, Bukele já havia comentado em sua conta sobre o processo. “Queremos oferecer instalações para mineração de Bitcoin com energia muito barata, 100% limpa, 100% renovável e com emissões zero de nossos vulcões”, disse em referência a essa alternativa energética.

A decisão de Bukele em usar a energia vinda dos vulcões tem a ver com uma forte movimentação do setor. O mercado busca alternativas para reduzir a “pegada de carbono” resultante do consumo de energia na mineração de moedas. Pesquisa do Conselho de Mineração de Bitcoin apontou que 56% do setor usa energias renováveis. Esse percentual precisa aumentar. Uma das críticas que geraram barulho em relação ao suposto impacto ambiental da mineração das criptomoedas veio de Elon Musk, o bilionário fundador da Tesla que depois de anunciar que sua empresa aceitaria pagamento em Bitcoin voltou atrás.

Agora, El Salvador enxerga boas possibilidades na energia geotérmica, já que o país tem 20 vulcões “potencialmente ativos” que respondem por quase 22% do fornecimento da energia local. É um modelo parecido com o adotado por países como Islândia e Suécia, mas que não usam a energia geotérmica em projetos específicos como o previsto por El Salvador.

“Geotérmica não dá prejuízo de grandes proporções à natureza, é renovável, não guarda resíduos e não emite gases do efeito estufa”, diz o professor de engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Anderson Jucá, especializado em política energética e mercados pela Rice University’s Baker Institute for Public Policy. A desvantagem, segundo ele, é que “o uso da geotérmica é mais caro do que a hidrelétrica e depende totalmente da geografia local”.

Longe dos vulcões, mercado se movimenta

Empresas situadas em países sem tantos vulcões como El Salvador, no entanto, não estão paradas. Baseada em Delaware, a mineradora de criptomoedas norte-americana Compass Mining anunciou, em julho deste ano, uma parceria com a startup Oklo, de energia nuclear, com o objetivo de usar microrreatores para extrair bitcoins com energia limpa.

Whit Gibbs, CEO da Compass Mining, conta que a parceria é uma troca entre as empresas. “A Compass Mining entrará em ação para obter qualquer excesso de energia criado pelos reatores Oklo. Já a startup pode, então, vender 100% de sua energia produzida. Isso permitirá que cresçam e se expandam, ajudando mais comunidades. Nós obtemos o benefício de ter energia nuclear abundante e renovável”, disse o executivo numa entrevista por e-mail.

É um modelo similar ao usado por uma concorrente da Compass Mining, a TeraWulf Inc., que fechou uma parceria com a empresa de energia Talen Energy. A Talen está construindo uma instalação de mineração do tamanho de quatro campos de futebol na Pensilvânia para apoiar o empreendimento, e se valer de energia nuclear para extrair “Bitcoins sustentáveis”.

Gibbs, da Compass Mining, é otimista quando questionado sobre o futuro desse uso energético. “Pressões externas, vindas de clientes ou de acionistas, continuarão a empurrar operações de mineração de Bitcoin em direção à energia sustentável. Meu palpite é de que, nos próximos três anos, cerca de 80% do [setor] será alimentado por fontes renováveis”, afirmou.

O professor Jucá, do Mackenzie, acha que a nuclear não é o melhor caminho a ser seguido no momento, uma vez que essa energia é sustentável, já que não emite gases de efeito estufa, mas está longe de ser renovável. O urânio usado na produção da energia elétrica tem um determinado tempo de uso e demora até mil anos para o decaimento radioativo. “Acho que, até mesmo no setor das criptomoedas, há opções mais interessantes, como a eólica e a solar fotovoltaica. Ainda há impacto ambiental com essas fontes, mas são apostas importantes. O mercado das criptomoedas precisa se preocupar com isso”.

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