Traders veem Banco do Inglaterra subir juros antes do Fed

Autoridade monetária britânica sinalizou que pode subir taxas já em novembro, antecipando ainda mais o posicionamento para política monetária

Reino Unido deve subir juros antes dos EUA
Por Libby Cherry e Greg Ritchie
24 de Setembro, 2021 | 10:22 AM

Bloomberg — Traders apostam que, na corrida de quem aumenta os juros primeiro, o Banco da Inglaterra será o grande vencedor contra o Federal Reserve.

Expectativas do mercado para um aumento de 25 pontos-base na taxa básica dos Estados Unidos foram antecipadas para o fim do próximo ano em relação à projeção anterior de 2023, depois que o Fed confirmou na quarta-feira o consenso para o início da reversão das compras de ativos neste ano. Mas na quinta-feira, o BOE sinalizou a possibilidade de um aumento já em novembro, antecipando ainda mais o posicionamento para os juros. Os mercados monetários agora veem um aumento da taxa de juros de 15 pontos-base em fevereiro, seguido por uma alta adicional de 0,25 ponto percentual em agosto.

“Historicamente, o Fed tem liderado o ciclo global de política monetária. Mas não está escrito em pedra que age primeiro e depois é seguido por todo mundo”, disse John Wraith, chefe de estratégia de juros para Reino Unido e Europa no UBS. “É facilmente concebível que o Comitê de Política Monetária, voluntariamente, ou sendo obrigado pelos níveis do mercado, aumente os juros primeiro.”

Com a perspectiva de um aperto monetário acelerado, os títulos de dois anos do Reino Unido agora rendem cerca de 16 pontos-base a mais do que as notas equivalentes dos EUA, encerrando um período de seis anos em que as taxas de curto prazo dos Treasuries superam, em sua maioria, seus equivalentes em gilts, os títulos soberanos britânicos.

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A ata da reunião do Comitê de Política Monetária do BOE mostrou que os membros concordaram que qualquer aperto futuro deve começar com um aumento da taxa de juros, mesmo que isso “se torne apropriado” antes que seu programa de compras de títulos termine no final do ano.

Foi essa frase que aumentou a pressão sobre as posições futuras vendidas em libra esterlina para dezembro de 2021, de acordo com Simon Harvey, analista sênior de câmbio da Monex Europe. Dito isso, “precisaríamos ver sinais de pressão salarial significativa para obrigar o BOE a subir ainda mais cedo do que os mercados estão precificando atualmente”, acrescentou.

Embora operadores esperem que o BOE atue antes do que o Fed, acreditam que isso não será concretizado principalmente com aumentos dos juros nos próximos anos. Traders apostam em aumentos de 79 pontos-base no Reino Unido nos próximos três anos, em comparação com mais de 100 pontos-base para os EUA.

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“A escala geral do aperto parece ser menor do que para muitos outros bancos centrais” de países desenvolvidos, disse em relatório Dominic Bunning, chefe de pesquisa de câmbio europeu do HSBC, citando preços de mercado e indicações do BOE de que o Reino Unido pode ter uma taxa neutra mais baixa. Isso seria um “impedimento” para a resistência duradoura da libra, acrescentou.

Para Jordan Rochester, da Nomura International, há espaço para valorização da libra esterlina em relação ao dólar após a reunião desta semana.

“Isso realmente aumenta a probabilidade de a política de aperto do BOE ser mais agressiva do que a do Fed, com um ou mesmo a possibilidade de dois aumentos dos juros no próximo ano do BOE”, disse.

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