Robô transforma alta de energia em máquina de fazer dinheiro na Europa

Algoritmos apostam no gás natural holandês e britânico ou na demanda por eletricidade na Espanha e na Alemanha

Fundos exploram alta de preços de gás natural na Europa
Por Nishant Kumar
21 de Setembro, 2021 | 04:23 PM

Bloomberg — Um segmento obscuro da indústria de fundos de hedge tem conseguido lucrar com a crise de energia na Europa.

Fundos que usam algoritmos controlados por computador para apostar em nichos ou mercados “exóticos” - como no gás natural holandês e britânico ou na demanda por eletricidade na Espanha e na Alemanha - transformaram os crescentes custos de energia na região em uma nova máquina de fazer dinheiro.

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Na liderança está a estratégia Gresham Quant ACAR, com ativos de US$ 950 milhões, que registra ganho recorde de 38,5% este ano até agosto, segundo relatório para investidores visto pela Bloomberg. O Systematica Alternative Markets Fund, com US$ 4,8 bilhões, acumula alta de 23% em período semelhante, enquanto o AHL Evolution Frontier, do Man Group, subiu 32% e está a caminho de seu melhor ano.

Os ganhos recordes contrastam com a pressão sofrida por economias da região decorrente do aumento dos preços da energia, impulsionados pela crise de oferta global de gás natural e escassez de energia renovável.

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Governos têm pressa em limitar o impacto sobre os consumidores. No Reino Unido, vários fornecedores já pediram recuperação judicial. Enquanto isso, traders tentam precificar os riscos de um inverno rigoroso pela frente.

“Tudo meio que combinou para desencadear esta tempestade perfeita”, disse Scott Kerson, chefe de estratégias sistemáticas da Gresham Investment Management, que supervisiona a estratégia ACAR. “O que tem impulsionado os preços é a forte demanda física contra uma oferta muito limitada”, disse em entrevista.

O hedge fund de Kerson faz parte de um subconjunto de estratégias quantitativas de seguimento de tendências que tradicionalmente lucram com aumentos ou quedas persistentes de ações ou títulos e que são negociados em mercados amplos e líquidos, como os Treasuries e futuros do S&P 500.

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À medida que esses mercados atraem muitas apostas e os retornos diminuem, Gresham e alguns outros fundos agora buscam ganhos e um pouco mais de alfa, negociando mercados relativamente menos líquidos, que incluem queijo, sucata de aço turca, produtos químicos obscuros, ovos ou painéis de vidro na China. Suas apostas nos mercados de energia europeus agora dão retorno.

Os fundos de hedge do Systematica e da Gresham lucraram com transações de energia, carvão, gás natural e emissões de carbono, entre outras apostas.

“Vemos os maiores níveis em vários anos em mercados como gás natural holandês e britânico, carvão europeu, energia de base espanhola e alemã”, disse Anthony Lawler, que comanda a GAM Systematic, cujo fundo Core Macro subiu mais de 12% nos primeiros oito meses do ano.

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Quatro gestores entrevistados pela Bloomberg disseram que suas estratégias agora estão reduzindo posições e realizando lucros após o forte rali. Isso é comum entre fundos quantitativos que tendem a cortar posições quando as tendências são estendidas e a volatilidade aumenta, como parte da estratégia de gerenciamento de risco. As empresas e o Man Group não quiseram comentar sobre os retornos.

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