Ação da Hotéis Othon dispara mais de 12% e CVM pede explicações

Volume atípico de negociação com papéis da rede hoteleira levou autoridade a pedir esclarecimentos sobre alta

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São Paulo — Em recuperação judicial, a Hotéis Othon, tradicional rede de hotelaria sediada no Rio de Janeiro, teve de prestar esclarecimentos à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) sobre oscilações atípicas de suas ações na B3. Na última segunda-feira (13), o “xerife” do mercado de capitais foi acionado por uma disparada de 12,50% no papel preferencial (PN) da companhia, com volume de negócios bem acima da média.

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“A companhia vem mantendo suas operações normalmente, sem que haja qualquer fato relevante que motive as oscilações apresentadas”, respondeu o diretor de relações com investidores da Hotéis Othon, Carlos Eduardo Ripper Vianna Filho, ao pedido de esclarecimentos da CVM.

A autarquia vinculada ao Ministério da Economia relacionou as oscilações dos papéis entre os dias 30 de agosto e o dia 13 de setembro (até às 14h55). Nesse período, o valor de fechamento da ação saltou de R$ 3,40 para R$ 3,69. A quantidade de negócios saiu de 7.200 (dia 30 de agosto) para 124.300 transações (14h55 da última segunda-feira), enquanto o volume avançou de R$ 23.660 para R$ 434,093 milhões.

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A autoridade do mercado faz esse tipo de controle a fim de evitar a prática de “insider trading”. A Instrução nº 358 da CVM, de 3 de janeiro de 2002, trata do uso de informações privilegiadas para conseguir vantagens na negociação de valores mobiliários.

Cabe à Superintendência de Listagem e Supervisão de Emissores da CVM acionar a “malha fina” e pedir esclarecimentos às companhias abertas sobre oscilações atípicas. Foi o que aconteceu, na última segunda-feira, quando o diretor de relações com investidores da Hotéis Othon recebeu um ofício assinado por Fernando Soares Vieira, da Superintendência de Relações com Empresas da CVM, e de Francisco José Bastos Santos, da Superintendência de Relações com o Mercado e Intermediários, solicitando posicionamento da companhia.

Recuperação judicial

A Hotéis Othon não respondeu imediatamente ao pedido de comentários sobre o caso. A rede hoteleira faz parte do grupo de 17 companhias que se encontram em processo de recuperação judicial, com ações listadas na B3. As outras são: Bardella, Eternit, Fertilizantes Heringer, IGB, Inepar, João Fortes, Lupatech, Oi, PDG Realty, Pet Manguinhos, Pomifrutas, Renova, Saraiva Livraria, Tecnosolo, Teka e Wetzel.

No primeiro semestre de ano, houve um caso semelhante de oscilações atípicas de ações envolvendo uma companhia em recuperação judicial. As ações da incorporadora paulista Viver dispararam, sem gatilho aparente, gerando pedido de esclarecimentos pela CVM, com a tradicional resposta de desconhecimento da razão. Meses depois, a Viver fechou acordo com credores, fez um aumento de capital e saiu da recuperação judicial, anunciando a retomada de lançamentos imobiliários.

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