Bloomberg — O órgão fiscalizador de contabilidade do Reino Unido entrou com uma ação disciplinar contra a KPMG LLP, um ex-sócio e ex-funcionários da empresa por auditorias anteriores de duas empresas do Reino Unido.
A KPMG e os indivíduos citados entregaram documentos e “informações falsas e enganosas” ao Financial Reporting Council (FRC, na sigla em inglês) durante a análise de duas auditorias, disse o órgão regulador em comunicado. Uma delas foi uma auditoria de 2016 da agora extinta empreiteira Carillion Plc; a segunda, uma auditoria de 2014 da Regenersis Plc, segundo o órgão regulador.
A KPMG declarou que levou a questão “muito a sério” e alertou o próprio órgão regulador quando descobriu os problemas em 2018 e 2019. Segundo a empresa, os envolvidos foram suspensos.
“Se comprovadas, as alegações na reclamação formal representariam violações gravíssimas de nossos processos e valores”, disse a empresa de auditoria. “Cooperamos totalmente com nosso órgão regulador ao longo de sua investigação”.
A KPMG está sob uma pressão cada vez maior no Reino Unido, onde, no mês passado, a empresa, que faz parte do grupo Big Four – composto pelas quatro maiores empresas de auditoria dos EUA –, foi multada em 13 milhões de libras (US$ 17,9 milhões) e severamente repreendida por seu trabalho de consultoria na venda da Silentnight Holdings Plc para a empresa de private equity norte-americana HIG Capital.
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Os indivíduos envolvidos na questão anunciada nesta quarta-feira (2) incluem os parceiros de trabalho das auditorias da Carillion e da Regenersis. A reclamação não sugere que as auditorias foram feitas de forma incorreta ou que as demonstrações financeiras não foram elaboradas adequadamente, segundo o FRC. A auditoria das demonstrações financeiras da Carillion em 2016 está sendo examinada em investigações separadas.
Um tribunal disciplinar foi agendado para analisar o caso. A audiência terá início em 10 de janeiro.
A Carillion entrou em falência em 2018 depois que o governo do Reino Unido se recusou a resgatá-la, custando quase três mil empregos e deixando 30 mil fornecedores e subcontratados com 2 bilhões de libras em contas não pagas. Foi uma das maiores fatalidades corporativas da história britânica.
No ano passado, os administradores da Carillion disseram a um tribunal de Londres que a empresa estava se preparando para entrar com uma ação judicial por negligência no valor de 250 milhões de libras contra a KPMG por sua auditoria das contas da extinta empreiteira.
Os gestores perderam uma solicitação para obter documentos importantes para se preparar para o processo em uma audiência no ano passado.
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