EUA e Israel irão avaliar estratégia sobre o Irã em reunião

O presidente americano Joe Biden reiterará seu compromisso com a região e argumentará que sua retirada do Afeganistão libera recursos para apoiar outros esforços

Com o programa nuclear do Irã acelerando semanalmente, autoridades americanas disseram que o governo está empenhado em encontrar uma resolução diplomática
Por Josh Wingrove e Daniel Avis
27 de Agosto, 2021 | 09:15 AM

Bloomberg — O presidente americano Joe Biden e o primeiro-ministro israelense Naftali Bennett planejam discutir o que os dois países consideram uma aceleração alarmante do programa nuclear do Irã. Os líderes se reúnem nesta sexta-feira na Casa Branca.

Biden planeja enfatizar seu forte apoio a Israel, disseram autoridades dos EUA, falando sob condição de anonimato, em uma reunião que pode revelar abordagens divergentes sobre o Irã: os EUA são a favor de um pacto diplomático para interromper o programa nuclear da República Islâmica e Israel disse que pode usar ataques secretos para desativar as instalações iranianas.

Veja mais: Biden promete caçar os responsáveis pelos ataques em Cabul

Bennett está tentando reiniciar os laços de Israel com os EUA, após uma era dominada pelo ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ex-presidente Donald Trump, embora o novo governo israelense tenha levado adiante algumas políticas de seu antecessor. Também busca avançar um plano estratégico para o Irã; cumprir seu pedido de US$ 1 bilhão para reabastecer interceptores de mísseis Iron Dome; e entrada sem visto para os EUA, noticiário local do Canal 12, citando um oficial viajando com o primeiro-ministro.

PUBLICIDADE

Biden reiterará seu compromisso com a região e argumentará que sua retirada do Afeganistão libera recursos para apoiar outros esforços, incluindo o apoio a Israel, disseram as autoridades.

“Esperamos que a conversa seja ampla”, disse o secretário de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, citando assuntos como segurança dentro de Israel, Irã e a pandemia.

Com o programa nuclear do Irã acelerando semanalmente, autoridades americanas disseram que o governo está empenhado em encontrar uma resolução diplomática após herdar a chamada campanha de “pressão máxima” de Trump. A visão do governo Biden é que a abordagem de Trump minou os esforços para desacelerar o desenvolvimento nuclear, disseram as autoridades.

PUBLICIDADE

Os líderes também discutirão a pandemia Covid-19, disseram as autoridades. As autoridades americanas se basearam fortemente nos dados israelenses para anunciar um plano para doses de reforço, embora alguns especialistas em saúde digam que os dados não são claros sobre se eles são necessários para todas as faixas etárias.

Antes da reunião, originalmente marcada para a quinta-feira, autoridades israelenses têm informado repórteres sobre a ameaça representada a Israel pelo programa nuclear iraniano.

Em entrevista ao New York Times, Bennett afirmou que irá fortalecer a oposição de Israel aos esforços liderados pelos EUA de reviver o acordo nuclear com o Irã.

Ele conta que a reunião abordará uma série de ações para fortalecer a superioridade militar de Israel, de acordo com um comunicado divulgado por seu gabinete. Em uma entrevista coletiva separada, o tenente-general Aviv Kochavi, chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, disse que a progressão do programa nuclear do Irã levou os militares a acelerar seus planos operacionais para atacar instalações atômicas caso necessário, afirma o Jerusalem Post.

Na última quarta-feira, o ministro da Defesa Benny Gantz afirmou que o Irã lançou o ataque mortal do mês passado contra um navio cargueiro ligado a Israel em solo iraniano. Existe a possibilidade de Israel agir contra o Irã no futuro para impedir que o país adquira armas nucleares, segundo comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa.

Desde que assumiu o poder, o novo governo israelense - uma aliança improvável de nacionalistas e esquerdistas, árabes e judeus, religiosos e seculares - tem enfatizado a reconstrução das relações com os aliados tradicionais do país, incluindo a União Europeia, Egito e Jordânia.

O governo Bennett também está procurando desenvolver os acordos de normalização mediados por Trump firmados no ano passado com os Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão. O novo governo fechou recentemente um acordo com o Marrocos para melhorar as relações diplomáticas entre os dois países nos próximos meses.

PUBLICIDADE

O governo não chegará a um acordo de paz com os palestinos, de acordo com a entrevista de Bennett ao Times. Não anexará terras na Cisjordânia, mas continuará permitindo que os assentamentos judeus na Cisjordânia se expandam, afirmou.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Guedes sinaliza energia elétrica mais cara em setembro

Saída dos EUA do Afeganistão deixa Pentágono com orçamento de US$ 6 bilhões sem uso

Presidente argentino oferece doar o próprio salário para contornar escândalo sobre festa no auge da pandemia