Brasília em Off: 7 de setembro será termômetro do time de Guedes

Se o resultado for um aumento ainda maior da tensão e uma piora do clima belicoso entre os Poderes, não haverá clima para praticamente nenhuma proposta caminhar

Autoridades que trabalharam para baixar a temperatura da crise têm dito nos bastidores que está cansativo construir pontes quando o presidente ateia fogo nelas logo em seguida
Por Martha Beck
27 de Agosto, 2021 | 10:34 AM

Bloomberg — As manifestações de apoio ao presidente Jair Bolsonaro prometidas para o feriado de 7 de setembro estão sendo consideradas um termômetro para a equipe econômica sobre o andamento da agenda da pasta. Se o resultado for um aumento ainda maior da tensão e uma piora do clima belicoso entre os Poderes, não haverá clima para praticamente nenhuma proposta caminhar. Já se a situação se acalmar, diz um integrante da pasta, será possível buscar soluções racionais.

Autoridades que trabalharam para baixar a temperatura da crise, como o presidente da Câmara, Arthur Lira, têm dito nos bastidores que está cansativo construir pontes quando o presidente ateia fogo nelas logo em seguida.

Alerta

A solução para a questão dos precatórios via Justiça e sem necessidade de uma emenda constitucional pode ajudar a resolver um outro problema para a equipe econômica. O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi alertado desde o princípio por auxiliares de que não seria boa ideia colocar na PEC dos precatórios a criação de um fundo com recursos da venda de estatais.

Veja mais: Guedes sinaliza energia elétrica mais cara em setembro

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Batizado de Fundo de Liquidação de Passivos da União, ele prevê que recursos decorrentes de privatizações sejam usados para antecipar a quitação de precatórios, sendo que esses pagamentos ficariam fora do teto de gastos da União. A ideia é a principal fonte de preocupação do mercado financeiro com o compromisso fiscal do governo. O ministro ouviu que o Fundo poderia deixar a PEC mais vulnerável, especialmente no atual momento político. E foi o que aconteceu.

Lugar ruim

Diante do naufrágio quase certo da reforma do Imposto de Renda, assessores do ministro Paulo Guedes querem que o governo se volte novamente para a reforma do PIS/Cofins, mais efetiva para reduzir custos das empresas e melhorar o ambiente de negócios no país.

A avaliação agora é que a decisão de tributar dividendos, embora acertada, foi precipitada e tomada num momento político desfavorável. As mudanças no IR tiveram impacto até sobre empresas de menor porte e pessoas físicas, precisando sofrer tantos ajustes que a proposta ficou desvirtuada e criou desigualdades. Um integrante da pasta afirma que, se chegar a algum lugar, a reforma do IR chegará a um lugar ruim.

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Sem redes sociais

Pouco afeito a redes sociais, ao contrário de boa parte de Brasília, Guedes prefere ficar de olho na forma como a mídia convencional trata a agenda econômica. A interlocutores, o ministro tem dito que ficar fazendo posts não vai ajudar a convencer o Congresso e nem o mercado a comprarem o peixe do governo. Para ele, ganhar a briga significa convencer grandes veículos de que a economia está em franca retomada.

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