Bradesco reduz recomendação e preço-alvo para ação da OceanPact com risco de governança

Estreante da B3 em fevereiro, ação da prestadora de serviços marítimos desvaloriza quase 60% desde o IPO, enquanto analistas avaliam impacto de acordo trabalhista

OceanPact, prestadora de serviços ambientais e de logística marinha, estreou na Bolsa em fevereiro, mas sua ação caiu e custa menos do que o preço do IPO
02 de Agosto, 2021 | 07:28 PM

São Paulo — A ação da prestadora de serviços marítimos OceanPact, sediada no Rio de Janeiro e que estreou na B3 em fevereiro, fechou nesta segunda em baixa de 1,75%, cotada a R$ 4,51, acumulando desvalorização de 59,55% desde sua abertura de capital. Quando foi precificada no IPO, o papel saiu a R$ 11,15 e, de lá para cá, já atingiu cotação mínima de R$ 4,39.

Nesta segunda, a corretora Ágora, do Bradesco, reduziu sua recomendação e preço-alvo (potencial) para o papel, citando uma “maior percepção de risco de governança”.

Os analistas Vicente Falanga e Ricardo França comentaram a notícia do fechamento de um acordo coletivo de trabalho entre a companhia com o Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar) abrangendo os oficiais e eletricistas que trabalham em suas embarcações.

O acordo confere aos trabalhadores um reajuste anual correspondente a 36,28% entre fevereiro de 2016 e janeiro de 2021, retroagindo a fevereiro de 2021.

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“Após a notícia inesperada sobre o acordo trabalhista, passamos a semana passada fazendo uma ampla gama de verificações com nossas fontes setoriais e um exame completo sobre o assunto. Concluímos que as pressões para uma negociação coletiva considerável começaram desde o final de 2020. Também soubemos que, dada esta situação, os pares da OceanPact de forma conservadora decidiram registrar provisões para o assunto (desde 2016), em nossa opinião, uma ‘melhor prática’ para informar/evitar surpresas negativas para os acionistas”, escrevem em relatório.

Governança

A redução do preço-alvo para R$ 5,50 e da recomendação para “neutra” é resultado da nova avaliação feita pelos analistas sobre a companhia.

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“À luz da série de eventos, estamos ajustando nossa abordagem de avaliação para OceanPact. Procurando descontos multissetoriais para pares com uma maior percepção de risco de governança, agora achamos que a Oceanpact deve negociar com um desconto de cerca de 30% no múltiplo EV/EBITDA 2022 em comparação com a Tidewater, que é negociada a 6,5x”, justificaram.

O comentário dos analistas reconhece, no entanto, que a companhia é um “negócio sólido”. “Por baixo de tudo, reconhecemos que existe um negócio sólido e a avaliação pode parecer tentadora. No entanto, enquanto a capacidade de execução da empresa permanece intacta, no médio prazo, o desempenho das ações deve ser limitado por um múltiplo inferior. Assim, reduzimos nossa recomendação para Neutra”, concluem.

Leblon Equities

No último domingo, a OceanPact informou à CVM que fundos de investimentos da gestora carioca Leblon Equities, dirigida por Pedro Chermont e Bruno Pereira, adquiriram 10.001.900 ações ordinárias da companhia, o que representa uma participação superior a 5% do capital, posição comunicada em correspondência à empresa e divulgada ao mercado.

“Informamos que a aquisição foi realizada dentro da política de investimento dos fundos, com objetivo de gerar retorno de longo prazo aos seus cotistas, não havendo a intenção de alterar a composição do controle, a estrutura administrativa e/ou atingir uma quantidade específica de ações da companhia”, esclareceram os dois diretores da Leblon Equities.

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.