Wellhub lança fundo de R$ 100 milhões em plano para expandir academias parceiras

Com 37.000 parceiros no país, companhia antes conhecida como Gympass mira reduzir barreira de credito e acelerar abertura de unidades por empresas em sua base, conta Daniel Mazzini, VP executivo de Parcerias e Novos Negócios, à Bloomberg Línea

Daniel Mazzini, do Wellhub: Vamos olhar com carinho para qualquer parte das soluções financeiras que possam ser práticas e tragam valor
26 de Agosto, 2025 | 06:00 AM

Bloomberg Línea — O Wellhub, antes conhecido como Gympass, acaba de lançar no Brasil uma divisão de soluções financeiras. O primeiro produto é um fundo de R$100 milhões para conceder crédito a academias, estúdios e aplicativos parceiros — um movimento que marca a estreia da companhia no setor financeiro.

O serviço foi estruturado para responder a uma dor recorrente no setor: acesso a financiamento.

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Segundo Daniel Mazini, vice-presidente executivo de Parcerias e Novos Negócios do Wellhub, mais da metade (51%) dos 37.000 parceiros ativos no país apontam o crédito como principal entrave para crescer — seja para compra de equipamentos, abertura de novas unidades ou modernização tecnológica.

“O parceiro sabe o que precisa para expandir, mas não consegue condições adequadas de financiamento”, afirmou Mazini em entrevista à Bloomberg Línea.

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“Como temos o histórico de faturamento com cada um deles, conseguimos tomar uma decisão de crédito mais alinhada à realidade operacional de cada um”, disse o executivo, que foi anteriormente Country Manager da Amazon no Brasil, por quatro anos, até janeiro passado.

“Ou seja, conseguimos encaixar uma parcela de crédito que cabe ali no orçamento que eles já recebem do Wellhub, sendo que somos somente uma das fontes de receita, e atribuir um score melhor com taxas mais baixas”, completou.

O executivo evitou cravar o quão mais barato serão as taxas cobradas pela plataforma em comparação com players tradicionais do mercado.

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“Nós sempre vamos buscar ficar abaixo [em custo] do empréstimo que eles conseguiriam indo ao banco, tendo como base o histórico e descontando as parcelas dos recebíveis”, disse.

Como o modelo foi desenhado

O programa foi testado em piloto com cinco academias, em que todas aceitaram as condições propostas. Os cheques devem variar de algumas dezenas a centenas de milhares de reais, com prazos de pagamento em 12 a 24 meses.

O tíquete é definido a partir da análise dos recebíveis e do risco de cada parceiro. Neste primeiro momento, a vertical foca em parceiros que registrem faturamento contínuo com a plataforma.

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A proposta inicial é que os recursos sejam direcionados à movimentos de expansão dos negócios, e não a questões de fluxos de caixa.

O projeto cria uma espécie de “fintech do fitness”, embora Mazini faça ressalvas: “não nos tornamos banco nem instituição de pagamento”.

Para viabilizar o projeto, o Wellhub fechou uma parceria com a Galapagos Capital, co-investidora no fundo - as empresas não revelaram quanto cada uma aportou - e a responsável pela estruturação e pela gestão do veículo.

E ainda a OpenCo, que cuida da esteira de cobrança, e a QI Tech, que atua no backoffice, nos processos de administração e na custódia.

O impacto esperado vai além da diversificação de receita.

A estratégia mira principalmente ampliar a rede de parceiros — 90% deles ainda são academias de uma única unidade. “Eu adoraria ver o número de academias e estúdios duplicando no Brasil”, disse o executivo, que sustentou a visão de que a nova vertical ainda não é tratada como uma nova linha de receita.

Apesar do crescimento das práticas de atividades físicas no país, apenas 4,9% dos brasileiros estão matriculados em academias, segundo citou.

“Nós queríamos que esse número fosse muito maior, mais parecido com a Europa e com os Estados Unidos, em torno de 20%. Esse é o sucesso que buscamos para essa iniciativa”, afirmou Mazzini.

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O Brasil foi escolhido como primeiro mercado a contar com o produto, até pelo tamanho da base de clientes localmente.

A expectativa, porém, é que outros países também passem a receber ofertas financeiras sob o guarda-chuva “Wellhub Soluções Financeiras”.

Além de crédito, a plataforma prevê novos produtos na área de seguros e em antecipação de recebíveis.

“Nós vamos observar o desenvolvimento desse produto durante o segundo semestre para saber de outras necessidades financeiras que também possamos cobrir para os nossos parceiros”, afirmou Mazzini.

“Vamos olhar com carinho para qualquer parte das soluções financeiras que possam ser práticas e tragam valor.”

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Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark