Visa busca ‘capturar’ fatia de mercado do Pix com nova empresa no Brasil

Visa Conecta, sob a estrutura da Visa Inc, foi criada para ser um hub de negócios para além da unidade de cartões; transações com Pix já representam 35% de plataformas online

A touch screen display during a media tour at Visa's new office in San Francisco, California, US, on Tuesday, May 28, 2024. Visa Inc. is opening it's new office this week in the Mission Rock development in San Francisco. Photographer: Philip Pacheco/Bloomberg
05 de Junho, 2025 | 04:38 PM

Bloomberg Línea — O crescimento do Pix como meio de pagamento no Brasil nos últimos anos levou executivos da Visa a se deparar com uma pergunta frequente: como a empresa, com um modelo de negócios com base em cartões, enfrentaria o meio de pagamento em tempo real lançado pelo Banco Central.

A resposta mais clara foi anunciada na manhã desta quinta-feira, (5), com o anúncio de uma nova empresa, a Visa Conecta.

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A operação foi criada para se tornar um hub de negócios para além da unidade de cartões e foi constituída sob o arcabouço da holding Visa Inc - e não da Visa do Brasil - para atender questões regulatórias.

O primeiro produto da nova operação conecta Pix e Open Finance, com a iniciação de pagamento sem direcionamento para compras em e-commerces. As transações por Pix nas plataformas online representam mais de 35%.

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O serviço permite que o usuário habilite a credencial do Pix apenas uma vez no sistema de determinado e-commerce e possa fazer as compras seguintes com apenas um clique.

A jornada atual, por vezes, ainda envolve diversos passos, o que inclui a necessidade de copiar códigos, processos que geram fricção e eventuais abandonos de carrinhos.

“Quando olhamos para todo esse contexto e pensando na estratégia da Visa como um todo, que não é uma empresa de cartões, mas sim uma focada em movimentação financeira, tomamos uma decisão extremamente relevante, que é criar uma nova empresa aqui no Brasil”, disse Leonardo Enrique Silva, diretor executivo da Visa Conecta - antes na Visa do Brasil.

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De acordo com dados do Banco Central, o Pix foi a modalidade de pagamento que mais cresceu em 2024, com alta de 52% no volume de transações na comparação com 2023.

As transações com cartões de crédito avançaram 11%; as de débito, 2,5%; e as de pré-pago, 19,2%. No ano, foram realizadas 63,51 bilhões de transações, que movimentaram R$ 26,4 trilhões.

Para começar a operar, a empresa deu entrada no pedido de IPT (Iniciador de Transação de Pagamento) junto ao Banco Central, mas ainda aguarda a autorização da instituição.

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Em paralelo, fechou uma parceria com a infratech Celcoin, o que permite o início da oferta mesmo que o aval do BC não chegue até setembro.

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O serviço mira clientes no modelo B2B que vão desde e-commerces a negócios como fintechs e corretoras de investimento.

De acordo com Silva, o serviço, que une Open Finance e Pix, é apenas o primeiro produto da nova operação, que deve funcionar como um hub de inovação para outros serviços para além do modelo convencional da Visa.

“Começamos com Open Finance, mas traremos novidades em 2026″, disse o executivo.

Além do Brasil, a Visa Inc tem feito esforços mirando oportunidades em outros mercados. “Cada vez mais, a Visa ainda vem se posicionando com esse sentido”, afirmou.

Em 2021, a holding com sede em Delaware, nos Estados IUnidos, comprou a Tink, startup de Open Banking do Reino Unido e que está por trás da operação da Visa Conecta; e também a Currencycloud, de pagamentos cross-border.

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Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark