‘Ponto de inflexão’: AWS aposta em agentes para desbloquear valor real de IA

Matt Garman, CEO da AWS, diz que a maioria das empresas não obteve retornos à altura dos investimentos em IA, mas aposta que agentes autônomos vão mudar esse quadro; AWS cresce 20% e deve fechar 2025 com US$ 128 bilhões em receita

Matt Garman, CEO da AWS: Acredito que o surgimento dos agentes de IA nos trouxe a um ponto de inflexão na trajetória da IA. Essa mudança vai ter tanto impacto no seu negócio quanto a internet e a nuvem tiveram.
03 de Dezembro, 2025 | 06:43 AM

Bloomberg Línea — As últimas semanas foram de incertezas nos mercados, com questionamentos renovados sobre a real capacidade dos elevados investimentos em inteligência artificial começarem a representar ganhos exponenciais para as empresas.

As dúvidas persistiram mesmo com os expressivos números trimestrais da Nvidia (NVDA), a companhia que tem liderado a corrida de ganhos com a IA generativa.

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Quando subiu ao palco da Re:invent 2025, em Las Vegas, Matt Garman, CEO da AWS, tinha uma mensagem clara para a audiência de mais de 60.000 profissionais, entre desenvolvedores e líderes de tecnologia: apesar de todo o entusiasmo em torno da IA, a maioria das empresas ainda não obteve retornos que correspondam às promessas. Mas os agentes de IA serão chave na mudança.

A AWS, por sua vez, tem acelerado o seu ritmo de crescimento, impulsionada pelas demandas de IA e pelos serviços de nuvem, o seu negócio de origem.

A previsão de analistas é que a companhia que faz parte da Amazon (AMZN) encerre o ano com US$ 128,1 bilhões em receita, uma alta de 20%, na comparação com 2024, quando alcançou US$ 105,8 bilhões. O patamar representará, se confirmado, uma reaceleração do negócio, algo que não era visto desde 2022.

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“Quando converso com clientes, vejo que muitos de vocês ainda não enxergaram os retornos que correspondem à promessa da IA. O verdadeiro valor da IA ainda não foi desbloqueado”, afirmou Garman.

“Mas muito disso está mudando rapidamente também. Assistentes de IA estão começando a dar lugar a agentes de IA que podem trabalhar, executar tarefas e automatizar em seu nome. É aqui que estamos começando a ver retornos materiais de negócio de seus investimentos em IA.”

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Para Garman, a nova era com os agentes de IA representa um “ponto de inflexão” fundamental na trajetória da nova tecnologia.

“Com os agentes de IA, a tecnologia está se transformando de uma maravilha técnica em algo que entrega valor real”, declarou. “Essa mudança vai ter tanto impacto no seu negócio quanto a internet e a nuvem tiveram.”

A visão do executivo, no comando da AWS desde junho de 2024, é que companhias terão bilhões de agentes operando, em todas as áreas de negócios.

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“Já vemos agentes acelerando descobertas em saúde, melhorando atendimento ao cliente, tornando o processamento de folha de pagamento mais eficiente. E os agentes também começam a escalar o impacto nas pessoas em dez vezes em alguns casos, para que tenham mais tempo para investir em outras áreas”, citou.

Apostas para o valor real

Em pouco mais de duas horas de apresentação, compartilhada com alguns convidados como executivos da Sony, da Adobe e da startup Writer, Garman se dedicou a anunciar uma série de produtos de agentes de IA, entre lançamentos e novas versões.

Os produtos de nuvem, o core da companhia, ficaram restritos aos 10 minutos finais, em uma uma sinalização dos rumos da AWS.

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Entre os principais anúncios da manhã, a companhia apresentou o Amazon Nova Forge, introduzindo o conceito de “modelos de treinamento aberto”, o que permite a integração de dados proprietários durante a fase de pré-treinamento, não apenas o fine-tuning posterior.

“Isso permite criar um modelo que compreenda profundamente as informações da empresa, sem esquecer as informações essenciais com as quais o modelo foi treinado”, disse Garman.

As novidades também passam pelo Frontier Agents, incluindo Kiro, Security Agent e DevOps Agent, modelos autônomos que operam sem intervenção e cobrem o ciclo de desenvolvimento, segurança e operações.

O Bedrock, marketplace de modelos de LLM (Large Language Models), recebeu o seu maior número de novos sistemas, com 18 produtos, incluindo as novas versões da Mistral AI.

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Os processadores de AI também ganharam uma nova versão.

O Trainium3 UltraServers chegou ao mercado com 4,4 vezes mais performance computacional na comparação com o Trainium2. Segundo dados da AWS, o produto permitirá uma redução de custos em treinamentos e inferência em até 50%. A quarta versão já está em desenvolvimento.

A AWS adota uma estratégia considerada heterodoxa em relação aos processadores. Em 2020, começou a produzir os seus próprios produtos, ao mesmo tempo que é uma compradora de longa data de chips da Nvidia.

Outro anúncio relevante do dia foi o da AWS AI Factories, mecanismo que implanta infraestrutura dedicada de IA da AWS nos próprios data centers dos clientes.

“Efetivamente, as AWS AI Factories operam como uma região da AWS privada, permitindo que clientes aproveitem seu próprio espaço de data center e capacidade energética que já adquiriram.”

A primeira implementação acontece com a HUMAIN na Arábia Saudita, com a construção de uma “AI Zone” com até 150.000 chips de IA, incluindo GPUs GB300.

“Esse tipo de trabalho despertou interesse em outras grandes organizações governamentais e do setor público”, disse Garman, em indicação de que mais AI Factories estão por vir.

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