Meta adquire empresa de agentes de IA de raízes chinesas e leva equipe de cem pessoas

Empresa liderada por Mark Zuckerberg concordou em comprar a Manus, com sede em Singapura, e pretende operar e incorporar o serviço aos seus produtos; negócio avalia a empresa em mais de US$ 2 bilhões, disseram fontes à Bloomberg News

A Manus se tornou nos últimos tempos uma das empresas mais avançadas em agentes de IA
Por Kurt Wagner - Luz Ding - Lulu Yilun Chen
30 de Dezembro, 2025 | 08:03 AM

Bloomberg — A Meta Platforms concordou em comprar a Manus, empresa com um popular agente de inteligência artificial com sede em Singapura e raízes chinesas, em seu esforço para construir um negócio em torno de seu investimento massivo em IA.

O negócio avalia a Manus em mais de US$ 2 bilhões, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram com a Bloomberg News.

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Trata-se de uma rara aquisição de uma empresa asiática de tecnologia por uma companhia dos Estados Unodos e a mais recente aposta multibilionária em IA do CEO e fundador da Meta, Mark Zuckerberg.

O acordo foi fechado em cerca de dez dias, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas, pois os detalhes não são públicos.

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A Meta pretende continuar a operar e a vender o serviço Manus e, ao mesmo tempo, integrá-lo a seus produtos, disse a empresa em um comunicado.

Com o apoio de alguns dos maiores nomes da China, como a Tencent Holdings, o ZhenFund e o HSG, a Manus ganhou destaque no início deste ano de 2025, não muito depois da estreia da DeepSeek. Todos os seus investidores existentes tiveram suas fatias compradas pela Meta, disse uma das pessoas.

Zuckerberg fez da IA a principal prioridade de sua empresa e está gastando bilhões para contratar pesquisadores, construir data centers e desenvolver novos modelos.

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A Manus teve uma receita anual de US$ 125 milhões no início deste ano com a venda de seu agente de IA para empresas por meio de assinaturas, o que poderia proporcionar à Meta um retorno mais imediato sobre alguns de seus gastos com IA.

O agente de IA da Manus pode realizar uma série de tarefas gerais, como triagem de currículos, criação de itinerários de viagem e análise de ações em resposta a instruções básicas. A empresa controladora da Manus, a Butterfly Effect Pte - fundada na China antes de se mudar para Cingapura - levantou dinheiro no início deste ano com uma avaliação próxima a US$ 500 milhões em uma rodada de investimentos liderada pela empresa de capital de risco norte-americana Benchmark.

Os agentes de IA são ferramentas que não precisam de supervisão humana para realizar tarefas digitais específicas.

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Empresas de software corporativo, como a Salesforce e a ServiceNow, promoveram fortemente suas versões de agentes de IA como a maneira mais eficaz de as empresas usarem a tecnologia emergente, em vez de recursos de IA generativa, como os chatbots, que exigem solicitações e interação do usuário.

A Meta já tem um chatbot de IA, o Meta AI, que está disponível nas plataformas de mídia social e de mensagens da empresa - Facebook, Instagram e WhatsApp - além de seus óculos de IA.

A empresa norte-americana também vai adquirir a tecnologia e o grupo de liderança da Manus, embora sua declaração ao mercado não tenha detalhado como a nova equipe se situará dentro da organização.

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O Wall Street Journal, que anteriormente informou o valor do negócio, disse que o cofundador e CEO da Manus, Xiao Hong, se reportará a Javier Olivan, diretor de operações da Meta, citando pessoas familiarizadas com a aquisição.

Alexandr Wang, diretor de IA da Meta, que ingressou neste verão no hemisfério norte como parte de um investimento de alto nível em sua startup, deu as boas-vindas à equipe de cerca de 100 funcionários da Manus com um post no X.

Em sua própria mensagem na plataforma, Xiao, da Manus, disse que o acordo ajudaria sua empresa a expandir o alcance de seus agentes.

“A era da IA que não apenas fala mas age, cria e entrega está apenas começando”, escreveu ele. “E agora, podemos construí-la em uma escala que nunca poderíamos ter imaginado.”

Os gastos agressivos da Meta para competir na corrida da IA são igualados por rivais como a OpenAI, o Google, da Alphabet, e a Microsoft.

Zuckerberg se comprometeu a gastar US$ 600 bilhões em projetos de infraestrutura nos EUA nos próximos três anos, muitos dos quais deverão estar relacionados à IA.

A empresa contratou uma equipe considerada cara de pesquisadores para desenvolver um novo modelo de IA de última geração que planeja lançar na próxima primavera do hemisfério norte.

E enfrentou ceticismo de investidores que temem que os gastos pesados não resultem em receita significativa tão cedo.

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A empresa de venture capital Benchmark foi criticada no início deste ano por legisladores e outros investidores de risco por apoiar uma empresa de IA com vínculos com a China.

“Quem acha que é uma boa ideia os investidores americanos subsidiarem nosso maior adversário em IA, apenas para que o PCC [Partido Comunista da China] use essa tecnologia para nos desafiar econômica e militarmente? Eu não”, escreveu o senador americano John Cornyn, republicano do Texas, em um post no X em maio.

A Benchmark não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre o acordo com a Meta na segunda-feira.

Quando questionado sobre o acordo durante uma entrevista coletiva de imprensa regular nesta terça, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China encaminhou os repórteres para as agências reguladoras relevantes sem entrar em detalhes.

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