Bloomberg Línea — O iFood decidiu apostar em um assistente de inteligência artificial generativa capaz de compreender contextos e preferências pessoais, em um passo na expansão do seu serviço de delivery, informou a empresa nesta nesta sexta-feira (10).
O agente, chamado de Ailo, é sustentado por um novo modelo proprietário de IA desenvolvido em parceria com a controladora Prosus, o Large Commerce Model (LCM).
O produto opera por texto e voz, tanto no aplicativo quanto no WhatsApp, e inaugura uma fase de experiência conversacional no iFood, ampliando os pontos de contato com os usuários.
A empresa planeja levar a tecnologia a outros canais no médio prazo, como a Alexa e automóveis conectados.
Em versão beta desde meados deste ano, o Ailo foi testado por mais de 70.000 pessoas. “Sabemos que o iFood hoje é um monstro e que os usuários encontram literalmente de tudo no aplicativo. O Ailo ajuda esse usuário a não precisar passar por todas as opções e entrega o que ele realmente procura”, afirma Isabella Piratininga, diretora de transformação disruptiva do iFood.
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Segundo dados da companhia, após mais de 100.000 interações nos últimos meses, os primeiros resultados apontam que as chances de compra foram 48% maiores com o uso do Ailo, em comparação ao fluxo tradicional do app. A jornada de compra — da sugestão ao pagamento — também ficou 33% mais rápida no WhatsApp.
“O diferencial que estamos entregando é um conhecimento muito profundo de quem realmente é esse usuário”, diz Piratininga. “O Ailo entende pedidos abertos, como ‘quero um jantar romântico’, e interpreta o contexto com base no perfil e nas preferências dessa pessoa.”
Os testes no aplicativo serão ampliados ao longo dos próximos meses.

Um novo sistema
Por trás da novidade está o LCM, um modelo de IA desenvolvido para criar interações mais conectadas aos hábitos e comportamentos dos consumidores.
Segundo a empresa, o sistema foi treinado a partir de bilhões de interações reais — incluindo cliques, buscas, cancelamentos e avaliações — e conta com memória de longo prazo, o que permite reconhecer padrões e interpretar intenções de compra com base na cultura brasileira.
De acordo com a Prosus, a infraestrutura do LCM reúne dados de transações comerciais de mais de 500 milhões de usuários globalmente e cerca de 10 trilhões de tokens.
O modelo foi desenvolvido ao longo dos últimos 12 meses, desenhado para atender todo o ecossistema da holding, que inclui companhias como Decolar, Sympla e OLX na América Latina.
O iFood é a primeira empresa do grupo a colocar o LCM em operação. Além do Ailo, a plataforma comandada por Diego Barreto testa cerca de dez outros projetos baseados no modelo, entre eles o uso de IA para gerar notificações personalizadas aos usuários.
“As personalizações nos permitiram multiplicar por quatro o volume de pedidos gerados por notificações personalizadas e reduzir em 60 vezes o custo operacional em relação a outros modelos generativos internacionais”, diz Tiago Cardoso, diretor de Dados e IA/ML do iFood.
As companhias não informaram os valores que estão investindo para o que consideram a entrada na “era dos agentes”. Recentemente, o iFood anunciou investimentos da ordem de R$ 17 milhões ao longo deste ano fiscal, que se encerra em março de 2026.
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