Coreia do Sul e SpaceX levam primeiro satélite espião do país ao espaço

Lançamento ocorre logo após a Coreia do Norte colocar seu primeiro satélite espião em órbita, permitindo ao regime de Kim Jong Un monitorar região

Foguete SpaceX Falcon 9 decolando em missão comercial no Cabo Canaveral, na Flórida, EUA, em Abril
Por Eric Ombok - Siddharth Philip
01 de Dezembro, 2023 | 05:59 PM

Bloomberg — Um dos foguetes de Elon Musk carregando um satélite espião sul-coreano decolou para a órbita enquanto a rivalidade entre as duas Coreias se expande.

Um SpaceX Falcon 9 transportando o primeiro satélite de reconhecimento fabricado domesticamente por Seul foi lançado a partir da Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia, às 10h19 de sexta-feira, de acordo com uma transmissão ao vivo da SpaceX.

O lançamento ocorre logo após a Coreia do Norte colocar seu primeiro satélite espião em órbita no mês passado, permitindo ao regime de Kim Jong Un monitorar os movimentos das tropas dos EUA na região.

A Coreia do Sul tem contado com os EUA para inteligência baseada no espaço, mas agora busca complementar isso intensificando suas próprias capacidades de reconhecimento com uma série de lançamentos destinados a colocar cinco satélites espiões em órbita até 2025.

PUBLICIDADE

“Os EUA não compartilham todas as imagens de satélite que os coreanos desejam”, disse Sejin Kwon, professor de engenharia aeroespacial no Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia.

As sondas espiãs fazem parte de um esforço mais amplo para desenvolver o programa espacial da Coreia do Sul, incluindo o lançamento em maio de um foguete Nuri que transportou oito satélites para a órbita.

Com os lançamentos de satélites espiões, as duas Coreias se juntam a uma lista crescente de países que buscam expandir sua coleta de dados no espaço.

PUBLICIDADE

O Japão planeja aumentar sua rede de satélites de coleta de informações de cinco para nove nos próximos anos para monitorar melhor seus vizinhos armados nuclearmente, afirmou o Gabinete Secretarial. O país lançou seu mais recente satélite de reconhecimento em janeiro.

Um foguete indiano lançou em julho um satélite de observação da Terra feito em Israel para clientes de Cingapura, incluindo a Agência de Ciência e Tecnologia de Defesa do país, disse a Israel Aerospace Industries em um comunicado. A IAI anunciou em 2 de outubro um acordo para vender dois satélites para a agência espacial do Azerbaijão.

O satélite espião da Coreia do Norte pode melhorar a capacidade de Pyongyang de mirar mísseis projetados para realizar ataques nucleares na Coreia do Sul e no Japão.

Espera-se que o satélite sul-coreano recém-lançado seja muito mais capaz do que a sonda norte-coreana, que provavelmente possui um sistema óptico rudimentar que especialistas acreditam oferecer imagens com resolução inferior àquelas dos satélites comerciais.

O satélite de Seul possui um telescópio com sensores eletro-ópticos/infravermelhos, de acordo com um porta-voz do Programa de Aquisição de Defesa da Coreia do Sul. A espaçonave é capaz de identificar objetos tão pequenos quanto 30 centímetros, com uma capacidade de resolução cerca de 100 vezes melhor do que a da Coreia do Norte, relatou o jornal DongA Ilbo no final de novembro.

O projeto pode fortalecer a capacidade da Coreia do Sul de coletar informações de forma independente, atuando como um seguro contra mudanças políticas nos EUA que possam impactar o compartilhamento de informações.

O ex-presidente Donald Trump, que busca retornar à Casa Branca, durante seu mandato ameaçou retirar as tropas dos EUA estacionadas no país.

PUBLICIDADE

A Coreia do Sul vê o desdobramento de seus satélites espiões como parte de uma tríade de segurança com os EUA e o Japão para lançar ataques preventivos, derrubar mísseis em voo e lançar seus próprios ataques para eliminar os ativos militares e de comando da Coreia do Norte.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Nos EUA, a revolução dos elétricos chega aos cortadores de grama

Com Sam Altman de volta, Microsoft entra no conselho da OpenAI, mas sem voto